Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

30 maio 2012

Blues da Vida Safada



Se existe uma coisa safada que a cultura americana pode se gabar de ter dado de contribuição positiva ao mundo moderno pseudo-cabeça é a extrema valorização do clichê.

Justamente o que é mais criticado pelos intelectuais de superfície quando falamos de cinema  e música americana é sua maior riqueza, sua maior virtude, sua maior inteligência, ainda que sob fogo cruzado da vigilância de quem precisa enganar sua vista para parecer melhor e maior.

Juro que defenderei meu ponto de vista. Deixa eu só respirar um pouco.

Vejam como é o Blues. Uma música de estrutura harmônica simples, que quando você ouve provavelmente já sabe exatamente pra onde ela vai.

Ou talvez uma comédia romântica destas como Pretty Woman, que segue o mesmo roteiro de tantos outros desde o começo do cinema falado.

Na vida, os americanos são também bastante metódicos. Namoram seguindo passos marcados, se relacionam com as pessoas dentro de certos padrões preestabelecidos de níveis de contato, dão o primeiro beijo no promenade – ou a primeira trepada.

Isso tudo parece estranho para nós brasileiros, mas dá um certo direcionamento pra tudo, afinal.

A vida também segue pelo menos um roteiro padrão pra todo mundo. Nascemos, envelhecemos, passamos todos pelas mesmas fases e morremos. Isto pra não citar outros comportamentos que todos teremos durante a vida, como por exemplo querer ficar ao lado de alguém, ter filhos, comprar um cachorro e estas abobrinhas todas.

A gente é que tá sempre criando ilusões de que fazemos diferente pra tentar se sentir especial, mas no fundo, é tudo muito parecido sempre pra todo mundo.

No Blues, a gente aprende que justamente por já se saber o caminho da harmonia, existe muito valor em cada timbre, na forma como levamos as pequenas variações dos solos até encontrar aquele ponto já esperado da canção. Tudo importa, desde a marca da guitarra, o microfone da voz, a pele da bateria,  a intensidade com que se toca cada nota ou se pronunciam as palavras.

Às vezes nem mesmo a letra importa muito. É mais a intenção.

Pode-se dizer o mesmo dos filmes, que mesmo seguindo um caminho repetido sempre conseguem te emocionar com os pequenos desvios e nuances das interpretações dos atores, as formas inusitadas que certos roteiros resolvem aquelas já conhecidas situações, seja dirigido pelo Spielberg ou pelo Woody.

E a vida parece ser assim, da mesma forma, um livro ilustrado para colorir com aquarela, giz de cera, caneta hidrocor ou qualquer meleca criativa a que se tenha acesso.

É importante entender isso, pra que não se tenha medo de seguir em frente, se é que você me entende. O problema não é fazer o que você vai fazer, tentar o que você vai tentar, mas como é que isso será feito.

Ou como diriam os esotéricos, o caminho importa mais do que o objetivo.