Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

16 maio 2016

O Blues Daquele Beijo


Um beijo muda tudo. Mande flores, faça malabarismos, escreva seus poemas, e tudo será apenas uma abordagem sutil e passível de "sims" e "nãos", sem um beijo. Um ósculo de língua safada bem dado e agarrado de jeito, contudo, abre uma passagem secreta para a falta de discernimento capaz de gerar casamentos e filhos sem muita conversa preliminar.

Mas falemos agora de um paradoxo. Este mesmo beijo que muda tudo passa por uma fase de certo descrédito, já que beijar não demonstra mais amor, mas uma conexão efêmera que pode acontecer várias vezes numa mesma noite com pessoas diferentes, não por motivos afetivos, mas de afago ao ego.

Disso, estou farto, cansado, esgotado.

E o que se faz, afinal, com este beijo que é ao mesmo tempo solução e dissolução?

Ah, você quer mesmo falar daquele beijo? Posso estar errado, e posso perder muito mais do que ganhar com isso. O risco é sempre grande, com tanta rapinagem por aí, mas tenho concluído que o antídoto que pode superar esta hiperatividade amorosa que assola os corações modernos é justamente forçar tudo a caminhar muito mais lento, como nos tempos do The Platters. É não entornar o copo, mas reaprender a saborear. É voltar aos tempos da namoradinha com "xêro" no cangote e mãos dadas passeando na praça.

Se alguém tiver um valor diferenciado para mim, prefiro guardar os beijos para depois, mesmo que com isso eu abra caminho para outros afoitos, tanto quanto eu mesmo talvez tropece em outros beijos no caminho - se eu lhe beijei após a segunda olhada, portanto, classifique aquele momento como minha própria dose de afago ao meu ego de macho alfanumérico, minhas necessidades e carências de cabassafado solteiro e malvado que não tem ninguém, e vive ouvindo "eu te amos" de quem não está nem perto.

Um beijo escorregado pode sim ser um passo para o infinito, mas não o garante mais por si só. Se queres me agarrar  de verdade, com unhas e dentes, com chave do coxas e tudo mais, arranque de mim um beijo depois de me conhecer de perto, de trocar afagos e de ter raivas de mim - são suas raivas de mim que poderão te garantir estar fazendo a coisa certa. Nunca fui santo, nunca tive santas.

Então, guarde o Blues daquele beijo, babe, guarde estas saudades, pois para seu azar sou um tolo que ainda persegue lentamente o invisível, o intangível, o improvável, o sim por trás de tantos "nãos", pelo menos por agora, enquanto eu acreditar na minha insanidade - gostei dessa frase, taí...

E eu sei que por trás de toda essa minha confusão, minha intuição prevalece nonsense e lunática.

Tentar me entender é gastar os ponteiros do seu relógio à toa.