Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

10 junho 2019

Um Último Post


Se eu quisesse resumir todas as postagens que um dia fiz neste blog em poucas palavras, diria apenas que não faço parte desta bosta toda aí de vocês - desculpem-me, a franqueza.

Talvez eu seja mais esperto, talvez mais burro, mas é fato que olhando daqui não os vejo mais felizes do que eu.

O que me incomoda, contudo, é não me ver mais feliz do que vocês, mesmo com toda a minha cobrança pessoal por fazer a coisa certa, buscar as coisas certas, os bons sentimentos.

Nada disso existe. Nem o que vocês buscam, nem o que eu busco.

Somos todos péssimos naquilo que nos propomos. Assuma isso.

Fato é que tenho mudado nos últimos anos, como todos nós, e meu amadurecimento tem levado a menos texto, menos interesse em compartilhar e fazer rir.

Não existe mais espaço para tratar as pessoas e minhas expectativas da forma como sempre fiz ao retratá-las/los neste blog.

O mundo está endurecido, cínico, mimado, egoísta, malandro.

Passo essa pecha de ser Dom Quixote à frente.

Não estou mais triste, não estou mais feliz do que sempre estive.

Encerro oficialmente o Who Farted, com prazer, por não mais me identificar nele.

A pessoa continua firme e forte (não estou me enforcando, calma).

Valeu a todos os curiosos e sonhadores que já me seguiram algum dia.


Te fode daí, que eu me quebro daqui.

Fui.

15 novembro 2017

Dias Estranhos III- A Maniçoba Selvagem


Eu sempre falo por aqui que sou claramente um desajustado a este mundo que me cerca. Mas nada pode ser pior do que você morar na beira da praia, sentir um calor infernal dentro de casa, um aperto no peito, e quando sair pra pegar um ar, se ver debaixo de uma chuva desnecessária e desavisada.

Então deixa eu aqui de volta mesmo, pra escrever umas bobagens.

Eu sabia, eu sabia de tudo isso.

Quando meu peito aperta, meu calo estoura e tenho aqueles sonhos bons pra roteiro de cinema, já sei que os dias estranhos estão chegando.

Mas o que mesmo estava me preocupando?

Não ter de dar satisfação a ninguém sobre o que faço ou deixo de fazer.

Tudo o que quero é dever satisfação. Deixe logo esse coração voar pra cá, e ficarei feliz em receber uma vassourada na cabeça, um vaso voando, um tapa na cara.

Mas por enquanto, não. Não devo nada. Isso é uma bosta, a esta altura.

Estes dias estão estranhos, gelatinosos, escorregando pelas mãos, enquanto as horas passam, as semanas se impõem, e pior, os anos gritam que somos bons demais um pro outro, e provavelmente estragaremos todos os planos da vida de cada um.

Clássico eu.

E só vai mesmo dar jeito assim, começando tudo de novo, a vida de cada um.

Ou então se acontecer da deusa das entranhas do amor selvagem surgir de um golpe de vento desgovernado e roubar meu coração num susto da vida, como aquela chuva.

Hmmm... mas não. Já tenho idade demais, pelo menos pra decidir o que quero.

Ainda hoje eu me lembrava do dia em que percebi que apesar da minha resistência, eu tinha arrumado sarna pra me coçar e pulga atrás de orelha. E o mais importante desta memória foi constatar que em cada momento, cada palavra foi absolutamente pra valer. Mesmo sendo cada uma medida com muito cuidado, ou até por isso mesmo, foi tudo verdade.

Eu gostaria de saber o que fazer, o que dizer, ou até mesmo de que porra mesmo estamos falando aqui,

Mas é tudo onda de mar. Tudo de pior que pode acontecer é dar errado.

E que medo é esse que as pessoas têm de errar na vida? Geralmente é mais rápido acertar assim, do que tentar dar a tacada certeira e pensada em cada detalhe.

É teoria de seleção natural.

Por estes dias, tive aquele clássico sonho das ondas gigantes invadindo a cidade. Mas foi legal. Um dia conto a história toda.

Enfim, a vida é uma mandioca selvagem da amazônia - demora mesmo pra cozinhar.




06 setembro 2017

Donuts de Filosofia Arcaica


Duas coisas que estão fodendo a cabeça da moçada hoje em dia são a cobrança para ser sempre feliz e a perda da liberdade para fazer as coisas a seu tempo, gastar seu tempo, plantar suas sementes.

E isto nos leva necessariamente ao terceiro vilão, o "cara" que alimenta as outras duas situações citadas - a obrigação de estar inserido no grupo, qualquer grupo.

Possivelmente, da forma em que está, o mundo nunca foi assim tão social. Provavelmente, por influência direta da cultura de redes sociais, todos estamos sendo conclamados a fazer parte de um grupo, um grupo qualquer - e se você usa o tal do "zap" isso toma outra conotação, claro.

Os antigos e dinossáuricos antecessores de nossas gerações atuais, em dado momento, faziam parte de um grupo de escola, depois um grupinho de cursinho, e depois casavam e se isolavam com seus dois ou três amigos, mulher, marido, amantes, filhos e pronto. Não tenho certeza, mas nunca tive notícias de uma sociedade que te cobrasse tanto fazer parte, agir igual, ser igual, se vestir parecido, amar as mesmas pessoas, odiar as mesmas pessoas.

Se você não tem o mesmo pensamento político, "por que você pensa assim tão diferente de nós?". Se você não faz amizade com todos os marombeiros da sua academia, "por que você é tão esquisito e não é amigo da galera como todo mundo?". E se todo mundo odeia Los Hermanos, por que mesmo você resolveu achar legalzinho?

Eu não posso deixar de notar pessoas com vergonha de ficarem tristes, e outros que não querem contato com quem se entristece.

E a vida, acredite, precisa dos momentos de tristeza para impulsionar os bons momentos, influenciar decisões.

Quanto ao tempo, isso vem ainda de mais longe, justo uma questão de tempo.

Imagine o tempo que levava para um astrônomo mapear o céu a olho nu. O quanto demorou pra pintar a Monalisa. Imagine que esta relação de tempo-benefício, hoje em dia, foi reduzida tanto, que nada de tamanha complexidade de articulação mental e engajamento criativo jamais poderia existir.

Não que alguém hoje fosse pintar um quadro que mudasse o mundo, ou fazer exame de sangue a olho nu, sei lá. Não é isso. Mas tomar o mesmo tempo, mais preguiçoso, sem prazo pro final da tarde, para construir qualquer outra coisa de tamanha importância, que exigisse um retiro de dez anos no deserto, mesmo considerando os recursos atuais, seria improvável.

E tomar seu tempo para construir um relacionamento improvável seria repreensível, pois mesmo isto deveria estar enquadrado nos quesitos de aprovação social e resultados imediatos, felicidade extrema e explícita.

E tudo isso é um grande consumidor de energia mental, moral e cívica.

Nada de se construir um mundo com o amor inseguro de duas pessoas perdidas. A palavra de ordem é a exploração mútua e imediata de ordem sexual, moral e afetiva - e até política - em alta performance, até que se esgotem as fontes e partamos para a próxima pessoa. Amor com lógica de gafanhoto.

Assumir seus próprios pensamentos enquanto pessoas que não têm nenhum interesse real na sua vida te estimulam a pensar do jeito deles, seria pouco inteligente, socialmente falando,

Talvez eu estivesse com saudades dos tempos da pipoca na praça em volta da fonte de água e pombos cinzas comendo milho no chão.

Mas claro que não, porra.

Estou falando do meu tempo mesmo, do tempo atual.

O agora poderia ser revisto.

Mas talvez, seja preciso este tempo que ninguém mais se propõe a gastar, e se desgarrar um pouco de todos estes grupos, todo e qualquer grupo, que tanto faz questão de nos cercar.

E dito isso, talvez, isto não te faça feliz.

É, sou um imbecil raiz. Do tipo que insiste em pensar diferentão, (quase) não faz maratona de séries no netflix, e fala um monte de abobrinha old school, mesmo que isso não agrade.

 

05 setembro 2017

Filosofia de Xêro no Cangote


Liberdade, a princípio, é o ato de abrir mão, e não de abraçar algo. É fundamentalmente deixar ir, permitir que muitas situações, pessoas, paixões pessoais se soltem de você, deixando tudo mais leve.

Para ser livre é preciso não ter, nem ser nada. É preciso não tentar guardar para depois.

Liberdade pressupõe não ter medo do futuro próximo. Não se apegar nem a planos, pois planos te impedem de se conectar às melhores ondas.

Existe um grande potencial de liberdade em simplesmente se permitir perder.

Mas afinal, seria a liberdade um destes "bens" caros do qual, ainda assim, poderíamos abrir mão para ser livres? - ou seria isto apenas um loop infinito de overdose de naftalina?

A resposta está sempre no cheiro do cangote.

30 agosto 2017

O Jogo da Sinceridade


Simplesmente, não é prazeroso conviver com pessoas que não te respeitam ou que deliberadamente demonstram aquele respeito Itamaratyano, quase como despeito, apenas para fazer a coisa certa, ou por se sentirem ilusoriamente melhores, em seus pequenos espaços.

As coisas não melhoram se você não fingir gostar desta convivência.

Prefiro os mal-educados que olham nos olhos, como eu.

Pois bem, nos últimos anos tenho sido o tipo de pessoa que simplesmente deixa claro que não está gostando de estar ali, aqui, acolá, quando não está gostando.

Coisa de velhinho ranzinza. Ou melhor, coisa de quem não está mesmo nem aí, de quem não quer consertar nada, e acha que tudo é o que tem de ser mesmo, e a gente se arruma com o que tem.

Só sei que o palhaço besta e brincalhão que muitos conhecem na intimidade, que faz concurso de peido e pizza de acarajé, de repente pode se transformar num cara amuado e claramente chateado por estar fora d'água, entre gente que não o representa. Coisa chata de acontecer, mas quem mesmo se importa?

Cada um por si - e sei bem viver desse jeito, não desafie um profissional.

Mas e eu com meu jeitinho de macho alfa desgovernado bêbo, deveria me importar com o que mesmo, sendo respeito uma atitude de duas vias?

Acho que é disso que se trata. Não estou aqui em missão de fazer amigos, mas de testar meus limites e abrir poucas concessões.

A notícia boa é que eu me canso, e sigo.

Tirando isso, em meu mundinho, em outros mundinhos, a vida é feliz e eu sou um cara legal, quase sempre. Tenho pouca vontade de matar alguém, geralmente. Por isso, me esforço bastante para isolar os universos que me cercam em bolhas.

De mim, ninguém pode reclamar de injustiças.

Mas de onde veio todo esse papo ao estilo feminista militante em formato masculino, para hoje?

Pois, te digo.

Continuo caminhando, mudando, aprendendo.

Aprendo coisas boas e ruins. Mas sempre aprendo.

Sei que mesmo não precisando, tenho mudado posturas, tentado ser mais relaxado dentro destes pequenos grupos de cartas marcadas. Mas veja bem, não sei bem se mudei por dentro, ou tudo é na verdade reorganização de fatores e caixinhas - e aquela imensa caixinha do "não me importo".

Meu coração está sempre aberto a quem não o agride. Tão aberto, que esnobam.

Em momentos específicos, mudar o ângulo de visão, reorganizar prioridades, pode ser uma mudança quase drástica.

E assim, assim mesmo, desse jeitinho, há quem não viva sem mim. Não que isso importe a ninguém, mas é só pra lembrar de que tudo na vida é ponto de vista. Não se perca avaliando o elefante pelo rabo. As portas estão sempre abertas, sim.

Sinceridade sincera e real ainda tem lá seu charme. Afinal, apenas os sinceros falam a verdade quando dizem que amam. O resto, faz gerenciamento de contatos afetivos.

Nem tente me mudar.

14 agosto 2017

Discurso de Ócio


Às vezes penso que o mundo, pessoas, tudo que está envolvido neste contexto, macacos, abelhas, baratas, são como aquela pessoa que você pode amar muito, sem nenhuma razão, e por talvez se sentir maltratado, não correspondido, você vai se desconectando, evitando, tomando decisões para um dia estar totalmente protegido de todo o mal que ele possa te fazer, o mundo.

Já falei que às vezes evito escrever certas coisas, pois tenho certeza de que o leitor entenderá tudo da maneira completamente errada? Pois considere isto, ao ler.

Eu penso muita coisa. Mais do que os macacos comuns pensam. E de tanto pensar, morreu... hmmm... não morreu nada.

Hoje eu estava fazendo um exercício comum, em fases da minha vida louca. Tentava olhar para ela da forma exata como se encontra neste momento, uma folha em branco.

Veja se me entende. Nada de ruim ou de bom, apenas em branco. Um momento em que eu poderia, em teoria, escolher a quem amar, escolher se quero amar, escolher em que trabalhar, ou se quero trabalhar, escolher onde morar, e o que dizer a partir de agora. E a pior das escolhas que eu poderia fazer seria não permitir que as coisas mudem.

A cada vez que renasço, sei dos caminhos. Esta coisa de não se sentir bem vindo, esta coisa de saber que estou sempre atrapalhando os planos alheios com esta minha mania de me meter onde não devo, fazer o que não devia, inventar de ser diferentão.

No final, acabo liso, sozinho e feliz da vida, como pouca gente sabe ser.

Seria bom dividir mais de tudo isso, mas como disse no começo deste texto, talvez o mundo seja como aquela mulher que até te ama, até te quer, mas tem seus medos tolos de te aceitar. E contra isso, existem poucos argumentos.

É... O mundo é mesmo estranho. Assim como as mulheres. Todo mundo, todo o mundo, no mundo todo. Ah, esse mundo.

Eu sei que sempre tenho razão. Difícil é convencer os outros.

Este poderia ser um daqueles dias para mudar todos os rumos, mas não. Ultimamente, tenho me cansado disto. Desculpem-me. Cada vez mais, menos importa.

É, e apesar do que possa parecer, esta é uma postagem do bem, de bons sentimentos, de muita lucidez.

Ok, serei sincero. Acabou a cerveja, e fiquei sem muito o que fazer.

Vou buscar mais.


26 julho 2017

A Chave De Tudo


Eu tava aqui escrevendo mais uma das minhas baboseiras filosóficas sobre derretimento de corações, e resolvo mudar o rumo da prosa, mudar o tema, para "Parem de Se Machucar, Por Favor".

Essa tal da liberação afetiva neo-hippie indiana esquerdista empoderada para homens e mulheres, que dá o direito a cada um de fazer o que quiser e o outro que se foda com seus sentimentos é uma grande balela.

Será que vocês não percebem o quanto estão machucados, e machucando uns aos outros quase como vingança de um terceiro?

Não ter respeito de alguém de quem você gosta machuca, mesmo que você finja que não. Não oferecer respeito,  machuca o outro, quer você queira se responsabilizar por isso ou não.

Por que estão todos se esforçando para parecer tão "maduros"?

Craro, Creusa, que se você for um caba lindão e bem dotado como eu, ou se for uma versão melhorada e feminina de mim, vai ter dezenas de opções de meninas fazendo biquinho e meninos sem camisa,  toda semana, pelos seus Tinders e "Zaps" e vai se valer destes argumentos neo-não-me-agarristas para simplesmente aproveitar a vida.

Mas acredite, te garanto por experiência, que a vida vai passando de forma não linear, as coisas vão mudando em espirais e curvas sinuosas. Não se trata de envelhecer.

Permita que elas mudem.

Mas aí, já é outra história, pra um outro post de assuntos repetidos.

Mas aqui de longe, fico vendo caras apaixonados fingindo que não estão, deixando meninas apaixonadas que fingem que nem ligam, e vice-versa, mas duas semanas depois, o que vejo é um tanto de angústia engolida por um e por outro, sendo obrigados, pelo único comportamento aprovado pelo seu grupo, a deixar seus amores passarem como se nunca tivessem sido nada por ninguém, ou nunca abrir mão das oportunidades pegacionais.

Amor é uma ilusão. Mas maconha também é e tu fica aí fumando esse cocô de vaca que não leva a nada construtivo.

Acho que minha geração foi mesmo uma das últimas que soube classificar direitinho o que era pegação e o que era namoro, justamente porque estas duas coisas não se misturavam no mesmo ambiente - sua namorada não tinha o Tinder escondido no celular, se você me entende.

Mas se querem um conselho, parem de bancar o John Wayne e tentem fazer algo de bom com estes sentimentos. Não precisa se idiotizar não. Ter amor não é isso. Ter amor é dar valor ao outro, a seus sentimentos. Acredite que isto lhe traz um sentimento de realização imenso, pois te faz criador de algo, e te permite perder um pouco da responsabilidade sobre tudo, dividir.

Entender isso não te impede de curtir a vida a seu tempo. Há tempo pra isso, tempo pra aquilo. Sem medo  de consumir seu tempo. Ele passa, o tempo, mas passa a seu tempo.

Acreditem, levar toco não mata, acabar namoro não lhe exclui da sociedade, nem lhe bota num caixão. Dá pra aguentar. Então, não precisa ficar evitando começar, ou acabar, quando for o caso de começar ou acabar.

E hoje em dia tá tudo muito bom pra todos vocês, não existem aqueles velhos limites de idade, classe social, sexo.

Não é simples jogar fichas em relações importantes em tempos de falta total de limites de comunicação abaixo do radar. Não é simples sequer saber o que é importante.

Mas não dá pra passar a vida comendo fast food, vá por mim. Em dado momento, precisamos nos apegar à saladinha e o fatídico arroz com feijão, bem temperadinho, com um couvezinho, um vinagretezinho... hmmm.

Sim, desta vez, a postagem não fala de mim.

Ou pode falar até.

Tá... Pode ser.

É....

Mas olha...

20 julho 2017

Panela Depressão


Pensando com meus botões, cheguei à conclusão de que a depressão pode ser apenas uma espécie de vício, assim como alcoolismo ou vício por Coca-Cola, sexo, sei lá. É algo que de certa maneira tem lá seus prazeres. Parece mais uma rota de fuga.

É como aquela mulher que te maltrata, mas você não consegue deixá-la, pois ela faz parte de todas as suas justificativas para a vida.

Não me interprete mal. Não sou mais um destes que anda por aí dizendo que depressão é frescura. Sei bem que não é. Sei bem como é, aqui e ali, ser visto como preguiçoso, sem força de vontade, desinteressado, chato, grosso, antissocial. Deixar um vício não é fácil, veja bem. Poucos conseguem.

Então, como você pode ver, sua razão de viver está salva, no que depender de alguém dar atenção à minha opinião sobre este assunto.

Mas quero esclarecer uma coisa, aqui. Este realmente não é um post de autoajuda, conscientização ou de choramingos sobre depressão e suas facetas. Se você tem essa merda, desejo que você se ferre, de todo o coração.

Convivo com esta chateação há muitos anos. Certamente, não é das mais profundas, do tipo de pular pela janela, pois acho que só levei surra dela uma vez na vida. Depois disso, aprendi um truque simples... Eu deixo tudo desabar, sem medo de chegar ao fundo do que quer que seja, e simplesmente me reconstruo a partir das cinzas e bitucas. Costuma funcionar.

A verdade é que uma vida plana seria muito chata.

Provavelmente, a maior parte das chateações de uma depressão vem dessa insistência em manter tudo funcionando bem, apesar de tudo. Mas se não está, isso é muito custoso.

Conclui que, considerando que a rota pra todo mundo é parecida, e vai dar na mesma situação de virar adubo de erva daninha, só me sinto bem quando estou construindo meus castelos. Guardar, pra que? Depois que ficam prontos a vida fica sem graça, e jogar uma pedra em cima é divertido, acho.

Uma coisa que muita gente não entende é que depressão não é tristeza. Eu quase nunca fico triste, acredite. Isso tudo se parece mais com aquela vontade que o jogador de cartas tem de perder, para se sentir vivo. Ninguém em sã consciência se sente vivo no paraíso.

Eu sou um destes caras malucos o suficiente para nunca se apoiar em remédios. Mas quando digo isso, tomo o cuidado responsável de esclarecer que cada um tem sua própria sina. Não me siga.

Mas, o fato é que hoje senti vontade de dizer a quem tiver consciência sobre essa coisa toda, que faz tempo que vejo pessoas pregando as dificuldades da depressão num coitadismo danado. Virou moda. Todo mundo agora é deprimido e toma remedinhos caros pra ficar feliz.

Só que como eu disse, depressão não é tristeza. Será que você não diferencia? Nada deixa um cara deprê mais feliz do que se afundar na sua falta de vontade. Logo, não. Não é tristeza. É uma alegria diferentona.

Bota um bluesão pra tocar na vitrolinha, bota umas latinhas pra gelar e se analise, se pergunte o que está errado. Na maioria das vezes, você vai descobrir que era apenas tédio, e que começar tudo diferente por um tempo, pode ser a instigação que faltava.

Pouca gente fora desse circuito vai entender o que é ter uma BMW e perceber que lá no fundo você torce pra que alguém roube, pra você sentir de novo o prazer de escolher seu primeiro Fusca.

Não, acredite em mim. Se hoje em dia você acordar e sentir que na verdade é um peixe e não um ser humano, os psiquiatras dirão que é normal e que você deveria fazer uma operação para se tornar um peixe. Nada mais é doença mental. Então, no futuro, vão descobrir que essa coisa de depressão também não se tenta curar. É caso de observar, prestar atenção nos sinais. É a síndrome da não aceitação da falta de sonhos, que leva à falta de sonhos, assim como a desidratação leva à rejeição à água.

Eu mesmo, descobri que é hora de botar aquela gatinha na garupa (bora?) e acreditar que é possível criar um mundo perfeito em suas delicias agridoces imperfeitas, em sua capacidade de me manter ativo e interessado graças às suas mais criativas intempéries - o mundo.

Tá, é chato. Sou chato. Mas não é isso que te faz me amar? Tá tudo errado, mas tá tudo certo.

29 junho 2017

O Papo de Sempre


Essa maluquice de dizer que felicidade está vinculado necessariamente ao fato de ter alguém que te ame é a coisa mais tosca que ainda guardamos de nossos ancestrais. Mas talvez por isso mesmo, as pessoas andem um tanto infelizes, se você me entende.

Este instinto, afinal, parece estar mais ligado à reprodução, do que propriamente a algum tipo de relação fraternal. É pau, cipó e peia.

Eu costumo ser feliz, e triste, e feliz, e triste, sozinho mesmo. Dizem que é raro. Não acredito.

O problema é que você acreditar que precisa de alguém para atingir qualquer tipo de felicidade te força a ter quem quer que seja, procurar alguém, fazer desta pessoa algo importante, mesmo quando necessariamente não o é. É como resolver um problema logo, do jeito que der, pra cuidar de outras coisas mais importantes depois.

E essa treta só dá em merda. A pessoa fica tentando comprovar a si mesma e aos outros a sua felicidade obrigatória, mas nunca descansa desta procura, fica claro que ainda não encontrou a tal. Isso, naturalmente, é o motivo de tanta franca cornalização.

Não, isto não é texto de O Segredo. Não escrevo autoajuda. Sou mais da linha autossefoda.

Digo... Tá tristinha(o), tá carente? Te fode pra lá sozinha(o), mas não ferre a vida de mais ninguém, que você não ame de verdade.

Ok, deixa eu explicar direitinho, pra não parecer mensagem cifrada...

Isso tudo é sobre mim. Foi isso que aprendi.

Quando eu digo que quero, sei ter calma, e sou sincero. Até demoro pra decidir.

Nunca tive ninguém por vaidade, carência, maldade, ou falta do que fazer. Tenha eu me decidido em quinze minutos ou um ano e meio. Tenha medo não.

Agora, bora falar de cerveja.



23 junho 2017

Manda Pra Dois


Eu e minhas piadas, minhas tiradas fora... Parece que sempre que deixo minhas declarações dúbias, elas, sempre elas, vão entender tudo da pior forma possível, o que é, afinal, bom... Eu acho.

Não conheço mulher que se apaixone por quem demonstra gostar dela.

Sendo assim, há de ser coisa boa achar que eu decidi não querer mais nada, quando na verdade nem eu mesmo sei se quero essa porra. Aliás... deixa que eu resolvo. 

Mulheres pragmáticas são as mais chatas. Colocam no papel, fazem as contas, consultam os astros, pra saber se vale a pena cair nos papos sedutores de um blueseiro ranzinza, gordinho, cheio de namoradinhas secretas aqui e ali, que gasta suas economias em cerveja e guitarra e sempre surge safo com dinheiro no bolso - quem um dia saberá da vida de uma figura destas?

Só esquecem elas, todas elas, contudo, de uma coisa: eu sou o que sou porque estou sem elas, e se estiver com uma delas não sei o que seria. Mas jamais seria esse que hoje sou, nem diria as coisas que digo. 

Cada um de nós é fruto da soma de sonhos, personalidades e o momento, apenas o momento, a cada momento - o algorítimo decisivo da vida. Assim, também sou.

Aliás, é sempre tudo assim. Todos se esquecem que quando pessoas se juntam, se tornam a soma dos dois, muito mais que as diferenças. A gente emagrece, e bebe menos, porque divide tudo pra dois.

Caguei. Só não evito mais nada. Meu novo momento.

Que o coração pulse se quiser, e apenas se quiser. Medo todo mundo tem. Seja medo de ser, ou medo de não ser, ou medo de ver tudo dar errado. Tem até o medo de fazer mal ao outro.

Tá, deve ser a cerveja, o São João, o Santo Antônio... Depois eu conto mais.

14 junho 2017

O Veio Whofa: Tudo Empacado


Em sua primeira aparição no Who Farted em mais de dez anos, o Veio Whofa estreia, logo após o dia dos namorados, sua versão vlog. Se seguir o mesmo caminho do podcast do Who Farted, a coisa vai mesmo vingar.

Nesta edição, a conversa é sobre envelhecer neste mundo moderno.  Veja no video.

05 abril 2017

Pequenas Memórias Remotas Vulgares


"Decifre-me, ou não me devoras - dizia aquele olhar endiabrado da esfinge que se escondia em atitudes de menina. Havia nela uma única escorregada de olhar, que apenas uma vez a cada ciclo lunar, abriria todas as portas para a alma corajosa que dentro dela se escondia.

Havia meses, eu perseguia insistentemente um destes olhares, entre quatro paredes.

Foi naquela tarde comum, que em nada se mostrava perfeita ou favorável para meus discretos atos de sedução, quando ela invadiu meu quarto, como sempre fazia, sem avisar, já se comportando de forma que velava todo e qualquer pensamento maldito que eu pudesse se quer imaginar ter. Foi assim mesmo, confuso desta forma, que eu os tinha - os pensamentos.

Meu olfato, muito seletivo, percebia o cheiro enebriante que saia de seu pescoço, naquele pedacinho perdido pouco abaixo da orelha, escondido e curtido pelos cabelos quase longos. Era o perfume da ilusão, que me deixava alerta e me fazia observador, tanto quanto inventivo e meio bobo.

Decifrar? Ainda me pergunto se o que a incomodaria mais seria o fato de eu enxergar tudo, o fato de eu desejar, ou o mistério que me fazia não tomar nenhuma atitude em cada último segundo.

Mas naquela tardinha quente, diferente de todas as outras, assim que a vi entrar, me levantei da cadeira onde estava sentado, no mesmo ritmo de suas passadas, a peguei no colo sem explicar muita coisa, como se sempre fôssemos apenas amantes, e a deitei gentilmente na cama, para logo depois deitar a seu lado - para nada de mais, apenas para observar de perto, provocá-la.

E enquanto usava como desculpa puxá-la para mais perto, olhando em seus olhos, eu a decifrava mais um pouco naquele dia quase comum.

Havia naquele momento uma disputa franca entre seus desejos mais inconfessáveis e sua necessidade de afirmar suas verdades, suas posturas, suas opções de vida. É fato legítimo que é mais fácil manejar, controlar, aquilo que não nos afeta emocionalmente.

Eu era o erro de perceber que havia mais, escondido em tantos pensamentos enterrados, do que ela mesma gostaria de lembrar de si mesma. De todos os desejos que ela pudesse ter, de todas as suas curiosidades da vida, eu era aquele que poderia arrastá-la para mais longe, e nem de longe, ainda assim, eu era o seu maior desejo - apenas o mais perigoso e inconfessável.

Mesmo assim, aquele cheiro de notas confortáveis me dizia que havia espaço pra mim naqueles devaneios. E foi num surto perdido de seus olhares incontrolados, que finalmente a beijei como deveria, não apenas saboreando a doçura de sua língua, mas roubando pequenas mordidas dos lábios que sempre me trouxeram desejos irreparáveis.

Enquanto a beijava, sabia que não havia certeza em nada, e que aquilo, para ela, havia sido um daqueles saltos impensados, de cima de um penhasco, num lago de profundidade obscura.

Eu sempre cometi o erro de pedir que ela confiasse em mim. Talvez, justamente, o que ela desejasse fosse mesmo não confiar, não saber aonde eu a poderia levar. Mas se eu não cometesse sempre os mesmos erros, não me reconheceria.

Enquanto aproveitava aquele silêncio de cumplicidade típico das ressacas de beijo, aproveitando que estava perto de seu ouvido, comecei a lhe contar alguns segredos falsos. Ela, entre curtas risadas safadas, tentava me persuadir, confesso que sem demonstrar nenhuma convicção, a deixar aquilo tudo pra depois.

E eu entendia que o depois era daquele minuto, o depois já era depois daquele mesmo agora."

(Página perdida do Diário Imaginário de Lady B. de 2016)

01 março 2017

A Importância de Tudo


Existe algo que sempre me incomodou no carnaval de Recife e Olinda, desde que eu o frequento. É um momento que junta muita gente em um espaço muito pequeno de tempo e perímetro. A cidade já é pequena, meu círculo não se estende demais. Logo, todos que eu conheço estão ali, concentrados.

Um cara vai dar uma caminhada curta na folia e é obrigado a se confrontar com todas as coisas mal resolvidas da vida, como numa cena de kung-fu do The Matrix. Ex-mulheres, tretas, noivas em fuga, mulheres apaixonadas, transas rápidas - estão todas lá, enfileiradas.

O resultado geralmente é uma série de revivals não planejados, sexo inesperado e espetinhos mal cozidos com cerveja quente, no final da noite.

Este ano, mantive minha tradição: eu poderia lhe fazer um mapa com as melhores barraquinhas de comida de rua do centro da cidade.

Sobre aquele beijo, releve. Deve ter sido a cerveja quente.

O que me resta é pensar que não tenho mais vontade de mudar ninguém. Pode ser fase, mas tenho percebido uma grande mudança de comportamento em mim, nos últimos meses.

Tudo se passou ao estilo da cena final do La La Land. Há alguns anos, a importância seria inquestionável.

Mas hoje, não. Somos outras pessoas - faça mais uma tatuagem sobre mim, se ainda houver espaço nessa pele que já me deu tantos bons arrepios.

A vida escolhe muita coisa pra a gente, sem perguntar. Nada disso vai nunca ser em vão. É apenas caminho. Eu gostei dessa parte do caminho.

O que mais me move na direção de quem quer que seja é saber de seu desejo de estar perto, e de fato estar - nada de noivas em fuga. Destas, já existem tantas, que de tanto correrem, chegam até mim sem nem querer. Porque eu me moveria por isso?

Neste carnaval, nestas poucas horas que passei entre os foliões, tive sensações que me serviram como um segundo fim de ano. Foi um catalizador de decisões, em clareador de visão.

Este é o momento de repensar muita coisa, rever muitos caminhos.

Sou extremamente resistente ao abandono de objetivos e desejos sem antes cumpri-los plenamente. Mas, talvez mesmo por entender que não estou ficando mais jovem, seja hora de reorganizar as gavetas, matar as baratas, abrir as janelas e as portas. Deixar o ar entrar.

Meu maior medo nunca vai ser me machucar - mas ferir os outros. Tudo é um grande ecossistema. Às vezes, posso ser a pior pessoa do mundo, acredite. E isso é uma coisa boa.

One bourbon, one scotch, one beer.

Eu quero apenas ver as coisas como são, por ora.

Deixemos de marra e tanto praqueisso, que a vida encurta,


17 fevereiro 2017

Meio Sem Assunto Pra Hoje


Tem dias que me sinto um velhinho, de milenovescentos e setenta e um.

Todo mundo tem seu tempo de se perguntar se é bonito o bastante, bacana o bastante, inteligente ou rico o suficiente. Provavelmente, se você seguir o rumo da maioria dos que envelhecem sadiamente, vai trocando estas questões por outras mais maduras tais como "será que ficarei careca?".

A esta altura da vida, não tenho mais dúvidas de que sou um cara por quem as meninas podem se apaixonar sem culpa.

Apesar de me aceitar cada vez mais exatamente do jeito que sou, meio ranzinza, um tanto esquisito, tenho me esforçado para ser melhor para mim mesmo a cada dia, e isto de forma cada vez mais intensa. Um dos principais focos de meus esforços tem sido, mais uma vez, aprimorar a capacidade de não tentar controlar o mundo e seus habitantes estranhos.

Afinal, apesar de eu sempre ter razão sobre tudo, nem sempre todos reconhecem isso.

Eu tenho essa tendência a tentar controlar o que as pessoas de quem gosto podem ou não podem fazer perto de mim. Não por mero controle, mas para manter as coisas boas, criar um ambiente favorável e protegido desta selva sem ética em que nossa sociedade se transformou no campo dos amores.

Mas estou melhorando em deixar isso pra lá, de verdade. Enfim, se algo parece errado, vou ali cagar no mato, e que se dane.

Aliás, pensando bem... Sei lá, acho que estou inventando isso, para ter o que escrever - nunca fui tirano com ninguém.

Os gurus do espaço sideral têm me ensinado a observar o que acontece e não tentar evitar. Observar mostra as coisas como realmente são, enquanto evitar que coisas aconteçam pode criar ilusões e fantasias, pessoas irreais que podem te decepcionar fortemente.

E isto tudo se aplica à minha velha mania de deixar pra lá, deixar ir. Eu sempre fui bom com isso nos outros aspectos da vida e péssimo quando se tratava de amor. Mas também, nunca fui de esquentar demais as cadeiras.

Pois bem, hoje estou sem assunto. Alguma coisa está mudando em tudo.

Mas parem de tentar entender o que quero dizer quando escrevo meus posts whofartedianos. O tempo tem mostrado que as interpretações fogem muito à realidade. Não é bom tomar decisões na vida baseadas nas minhas reflexões de madrugada, acredite.

Vou ali construir um foguete.





05 fevereiro 2017

Aniversário De Novo?


Não sou um cara muito ligado em astrologia, mas este foi o ano que realmente me fez acreditar no conceito de inferno astral. A notícia boa é que meu cachorro não morreu e meu fogão não explodiu, mas todo o resto, de pequenas chatices e aporrinhações, até uma rara invasão de baratas voadoras, tudo de estranho aconteceu, poucos dias antes de eu completar mais um ano neste planeta. Torcendo para que após o soprar das velinhas, tudo comece a funcionar de novo em minha vida.

Apenas para constar, não tenho cachorro nem fogão, e como você pode perceber, esta minha mania de leveza, me livrou de alguns momentos de tristeza. Em compensação, cheguei à conclusão de que o Mickey na verdade é um timbu e não um rato.

Eu sou um tanto ranzinza com toda e qualquer festa do calendário de comemorações de qualquer coisa, então não comece agora a achar que estou achando ruim ficar oficialmente um ano mais velho. Não gosto de natal, ano novo, carnaval, páscoa.

E por falar em inferno astral e carma, estas duas coisas devem se potencializar em mim, um caba que, odiando carnaval desde pequeno, nasceu no meio dos festejos, em Recife, terra do Frevo, e atualmente mora em Olinda, terra do... hmmm... putz... do axé (a bebida), do loló e do xixi no muro.

Como todos sabem, após uma certa idade, aniversário não é exatamente uma comemoração, mas uma lembrança de que nada é infinito. E esta é exatamente a razão das festas - já que tudo um dia vai acabar, é melhor começar a beber logo por qualquer razão.

Se alguém quiser me dar presentes, mande minha parte em cerveja.

Neste ano, tomarei uma cerveja em comemoração aos grandes sobressaltos da vida. 2016 foi um ano esquisito em que tudo de bom e de ruim aconteceu. Esse comecinho de 2017 só pode entrar em inferno astral pois, pouco antes disto, estava em paraíso completo. De nada disso posso reclamar.

Chegando agora aos 46, ainda me espanta que eu tenha escapado ileso de todas as amarguras da vida chata de quem vai envelhecendo e desistindo de tudo. Ainda hoje, vivo de ideias malucas, tenho relações instigantes e sonho com situações absurdas. Meu único defeito é não agradar muito a todo mundo, o que em última análise, apenas reforça minha convicção em seguir no caminho de minhas utopias, e sempre transformando meu ambiente um pouco naquilo que me faz bem. Afinal, para agradar a todos eu teria de abrir mão de tanta felicidade, tanta coisa boa, que aqui e ali me faz gostar de viver, sempre.

Completo mais um ano com tudo errado. Tudo errado de cabo a rabo. Chateado com muita coisa, irritado, ranzinza. Mas na direção certa - Headache Boy.

Continuem me amando ou me odiando, ou mesmo me ignorando. Só deixa eu aqui, curtindo mais de tudo isso. Convivência, eu sei bem, é foda. Não é mais feliz, quem domina esta arte, te garanto.

Se não faltar cerveja, o resto a gente desenrola.

Simbora, pra mais ano de epopeias e aventuras silvestres urbanas. Não desejo que este ano seja melhor. Que seja o que tiver de ser. Gosto assim, entenda. Que graça teria, se tudo fosse apenas vitórias?

Apenas para ser ainda mais chato, notem que o número do meu celular mudou há alguns meses, e o meu Facebook é bloqueado para mensagens na timeline. Então, não fique chateado ou chateada se não conseguir falar comigo. Faz parte. Nos vemos por aí.


03 fevereiro 2017

Alive And Kicking II


Mesmo que nem pareça, tudo anda muito vivo e pulsante como um rato buscando a saída do labirinto na gaiola. Talvez tão vivo, tão ativo, que na falta de ar, chegue ao mesmo destino de tudo que vive - ou morre ou se caga todo.

Quer mesmo entender o Blues? Bote pra tocar um álbum do Luther Allison e outro do Freddie King e vá tomar uma ou duas cervejas geladas pra pensar sozinho na vida enquanto ouve.

Existem estas fases em que pouca coisa pode ser posta em palavras comuns. Tudo teria de ser dito em palavras inventadas, que afinal pouco diriam a qualquer um que lesse. Ou, se entendessem, veriam meras repetições. Tudo o que eu queria neste momento era a repetição dos melhores momentos, umas cervejas sinceras, umas deixadas soltas, conversas ao pé do ouvido. Menos marra e mais curiosidade.

Mais oxituemassa, sousim, borassimbora.

Não existem novas formas de deixar claro que estou presente de verdade, não como um golpista ladrão de corações, mas como um livro, um blog, aberto.

Neste último ano, eu não poderia ser mais eu do que fui eu. Tenho vivido, discutido, amado, tudo em um universo paralelo que não se conecta da mesma forma com o mundo real. Neste universo, acontecem coisas mirabolizantes que somem no plano terreno, se você me entende.

Mesmo assim, tudo está certo como deveria ser, visto que nada foi engano ou ilusão.

É apenas coisa de Platão, televisão de cachorro magro malandro, que morde mas mesmo assim não leva. Tem sido jogo ganho, roubado pelo juiz. Xero no cangote e vaitimbora.

(eu, se fosse você, deixava)

E lá venho eu, cheio de meus enigmas, escrevendo no Who Farted, apenas para deixar as ideias fluírem. Mas ninguém tem mesmo nada a ver com isso.

Ainda ontem, eu tava falando que enxergo meus relacionamentos como ondas de rádio, sinal de Wi-Fi. Existem várias frequências. Um não é vingança do outro, nem substituto. E às vezes, tudo poderia ser como ver TV enquanto acesso o Facebook.

Ao contrário do que alguém possa imaginar, no meu universo maluco não existe malabarismo, muito menos coisas do demônio. Amo sinceramente, posso ser fiel a duas, três mulheres enlouquecidas. Posso ser fiel a uma. Quatro eu já não garanto - seria muita dispersão.

Mas brincadeiras, ironias e realismos fantásticos fanáticos à parte, nunca há nada irresponsável nesta bagunça. Nunca é banda voou. Por mim, nunca nada é mera diversão, mesmo que sempre seja pelos bons momentos.

Nunca é escolha. Apenas deixo que cada frequência tome seu lugar naturalmente. É bom, às vezes, se permitir ser conquistado, apenas, ao invés de querer decidir tudo, o que é, o que não é.

Mas hoje... Hoje não sei mesmo. Se juntar tudo, não dá um filtro de barro. São fragmentos que se chocam, não se completam. Seria bom, se tudo fosse apenas soma e tentativas propositalmente frustradas de multiplicação.

Mas afinal, qual mesmo o problema?

Por que é que a esta altura tudo ainda é tão deixado de lado? - Se todos sabemos quem somos, como somos legais e tudo mais, era para apenas viver o lado bom e o ruim, ao melhor estilo single dos Beatles.

Não, não adianta fantasiar. Digo... Antes de qualquer coisa que possa parecer um enigma whofartediano, é preciso acreditar que tudo o que digo, neste caso, é sempre verdade. Quero ouvir mais sinceros sims.

Não sou lá flor que se cheire, mas também não sou cachorro não. Valho lá meus centavos de dólar.

Ok, vamos lá:

Meia calabresa, meia muçarela.

Let me sing my Rock'n'Roll.

21 outubro 2016

Infernos Particulares


Meu celular, faz tempo, quebrou a conexão USB pela qual ele era recarregado. Não que isso fosse algo difícil de ser consertado, tampouco caro, mas resolvi me adaptar e simplesmente utilizar um carregador externo, do tipo que, se você ainda não viu um destes, possui uma garra plástica e dois pequenos contatos metálicos que devem ser encaixados corretamente nos contatos da sua bateria, para que seja feita a recarga.

Não satisfeito, o chinês que me vendeu essa arapuca achou que eu me daria bem com um destes aparelhos que tinha as "perninhas" dos contatos tortas ao estilo garrincha - acertar a ponga da bateria na repibenga eletrizada do carregador externo se tornara quase um quebra-cabeças diário, meu cubo mágico pessoal, sempre que meu celular descarregava.

Apesar deste perrengue, do fato de que um carregador destes custa o valor de três passagens de ônibus, e de que existe um quiosque de conserto de celulares na esquina da minha casa que efetuaria o reparo no próprio celular por pouco mais do que isso, passei quase um ano me autoflagelando com este celular e este carregador de pernas tortas.

Um belo dia, acordei puto da vida e resolvi dar um jeito nisto. Fui até a esquina e comprei um novo carregador externo de celular de pernas menos tortas.

É isso.

Fico me perguntando por que eu, tanto quanto qualquer um de vocês, tenho esta mania de cultivar pequenos infernos pessoais desnecessários.

Sem mais.

(é, eu sei que já tá é na hora de trocar de celular, assim como tá ruim de escrever com meus óculos de leitura de alças quebradas escorregando pelo nariz)

29 setembro 2016

Rupturas Abruptas Irrestritas


"Os problemas da minha vida estão em mim mesmo" - já dizia o filósofo esquerdista Emmanuel Kornsteinn.

Não que adiante jogar tudo por alto, pois é muito provável que, depois de tanta destruição e revolta, eu vá parar no mesmo lugar, em outro momento. Mas há lá o que se aproveitar em se começar do zero. Há sempre o alívio imediato dos recomeços, das zeradas de expectativas.

Há sempre este peso incômodo das coisas mal resolvidas, até que simplesmente se decrete desistência irrevogável.

Chega uma hora em que os resultados de tudo que me cerca ficam tão deteriorados, que pouca coisa serve, quase nada se aproveita para um caldo safado qualquer. Nem esta bobagem amorosa em que resolvi acreditar, nem os resultados de meus esforços profissionais, nem as parcas amizades que cultivo. Está tudo errado comigo - um impaciente, que como todos, deseja que o mundo seja como em seus planos mais precisos.

Os planos são simples. Trocar minha guitarra por uma lambreta. Mudar de cidade e de nome. Fazer uma nova tatuagem. Aprender a dança secreta das tribos indígenas dos Apalaches. Vender meu ventilador.

Pronto, resolvido. E logo me mudo.

Ou mudo de ideia.

21 setembro 2016

Refluxos Sentimentais


A mente da gente dá uns nós malucos. De repente, eu tive um daqueles sonhos realistas e apaixonados com uma daquelas meninas que prefiro esquecer que de alguma forma passaram em minha vida. Nada contra a menina, mas contra a vida como ela às vezes pode ser.

Se fosse pelo sonho, eu até ia ficar feliz por ter um segundo round, mais maduro, desta história perdida no tempo.

Mas o tempo não volta do mesmo jeito. Ele volta em outras pessoas e outros cenários.

A vida sentimental da maioria das pessoas que conheço é extremamente repetitiva. Elas tendem a encontrar e se apaixonar por pessoas sempre muito parecidas entre si. Deveria ser o oposto, deveríamos nos deleitar com a descoberta de novas possibilidades, novos sabores.

Apesar de eu não me conhecer muito bem, como sugere este sonho desenterrado, minha vida sentimental parece apostar nos refluxos e nas semelhanças, tanto quanto a de quase todo mundo que conheço.

Talvez por isso, os místicos sugiram que haja um carma a ser resolvido por cada um antes de morrer. Seria como um loop infinito do qual você só sai se resolver o enigma do dragão - e avaliando o flashback, eis me aqui de novo.

Novos personagens, longas histórias, finais surpreendentemente iguais. Ou eu faço algo assim, todo errado, dar certo, ou parece que voltarei sempre aqui.

A mente da gente escreve certo por linhas tortas. Ela avisa, informa, repassa.

O que devo resolver em minha vida, ó grande guru sentimental?

"Errrr... ... ...".

Tá bom, deixa comigo, de novo.

17 setembro 2016

Procriação e Procrastinação


Bora ser piegas de uma vez só, pra não pensar demais: mesmo nesse mundo louco, onde todos tentam fingir que não, o amor existe. Tenho provas irrefutáveis disto, e me preocupo.

É a gota d'água que cai na pedra quente, que tanto bate até que evapora.

É fato que em termos evolutivos o amor é apenas uma ilusão química, que nos estimula para a reprodução e o cuidado com as crias. Mas é bem verdade, também, que se este for o sentido da vida, não se permitir iludir é não se dar o direito de enxergar sentido na existência, e portanto, de alguma forma, se dedicar a apenas morrer sem fazer nada que preste.

Mas a constatação mais louca que sempre tive nesta vida, e que, a cada ano que passa, deixo de tentar desacreditar em minhas ilusões perceptivas, é que amar gera a tal conexão mental entre as pessoas envolvidas - provavelmente, eu sinto, nas madrugadas, a falta que ela começa a sentir de mim.

E não estou ficando louco - provavelmente, estamos falando de falta de cerveja (nela).

Diferente do que geralmente vejo em mim, mesmo assim não estou em clima de melancolia.

Devo estar velho pra tudo isso. O mistério destas percepções e mágicas ilusórias de sentido da vida é que, quando acontecem, trazem sempre um sentido de absurdo e de improvável. Aquele sentimento de perda que sempre dá o empurrãozinho final.

E no final, o que vale é que seus beijos me fazem bem.

Então, me deixa bem, por hoje.

Não vou estragar estes pensamentos postados aqui com um final cínico, desta vez.

A vida e seus encontros já são cínicos o bastante comigo.

Se eu tivesse de dizer algo neste momento, seria:

"Vê se para de me deixar ir embora assim, sem fazer nada, porque eu estou indo sem querer".

15 setembro 2016

A Geração Destestosteronizada


Nunca fomos tão femininos, para bem e para mal. Quase todo dia, recebo postagens pelo Facebook que falam sobre os problemas e qualidades das novas gerações, mas poucas observações li a respeito disto, salvo a própria constatação de que a testosterona, e todos os comportamentos ligados a ela, estão pelo menos fora de moda - se ela mesmo não estiver circulando em menores quantidades.

Tudo o que posso dizer sobre isso pode ser um tanto politicamente incorreto, impopular, mas foda-se - somos todos adultos, não somos? Podemos conviver com alguma opinião adversa para reflexão, espero.

Não sei dizer se isto é reflexo de algo com bases científicas, tal como excesso de ingestão de soja no Toddynho e no Miojo, ou apenas a falta de estímulo externo por conta das novas demandas, mais intelectuais do que físicas, das grandes cidades e seu distanciamento digital.

Mas quem sou eu pra saber desses trens? Nem médico nem psicólogo. Tudo é apenas observação e especulação minha.

O estrogênio, a malícia feminina, suas chantagens emocionais, seu talento para reclamar e ter sempre razão de algum ponto de vista misterioso, tudo isso tem cara de mundo moderno, seja na política, nas relações pessoais, nas expectativas quanto ao que o mundo tenha a oferecer.

Basicamente, todos, sejam homens ou mulheres, querem direitos sobre o calor da fogueira, e existe pouca gente interessada em cortar lenha.

Sexo de verdade, do tipo que se faz de forma presencial, anda meio fora de moda, inclusive, ainda que os simulacros gélidos desta antiga forma de amor estejam em alta.

Talvez, a diferença entre homens e mulheres não ande grande o suficiente para gerar fagulhas de desejo entre os dois sexos, e provavelmente por isso mesmo, tanta gente ande se encorujando em relações com pessoas do mesmo sexo, meio sem sexo, se você me entende - noto uma certa burocratização das relações, uma ênfase maior em querer ser atendido por uma convivência ao estilo do quarto das irmãs, e menos visceral.

Ou, deixa eu colocar de ladinho, agora: sexo nunca foi tão fácil, na verdade, mas se percebe uma certa mecanização, uma preocupação imensa com os papeis de cada um, e seu abandono prematuro, durante as relações mais longas.

O termo Rock'n'Roll foi baseado, por exemplo, no ato sexual.

Note que, antigamente, uma banda de Rock era algo típico de cabamachos altamente testosteronizados, suados e maus.  Hoje, fico apreensivo ao imaginar o que aconteceria se uma barata entrasse num estúdio de ensaio de uma banda de barbudinhos sensíveis - seria uma gritaria, uma correria.

Certa vez, estava observando um destes meninos Los Hermanos Friendly chegando em uma menina fofíssima em frente a um bar, e tive muito medo do que poderia surgir daquela relação.

O cara ia chegando lentamente, com as mãos para trás, com trejeitos fofos, para dar uma bicota cuidadosa na boca da menina, que vestida como uma boneca vintage moderna, fingia achar tudo aquilo a coisa mais chuquichuqui do mundo - sem muito língua e sem muita baba.

Se esta relação perdurou, certamente foi baseada em assistir seriados do Netflix e milk-shake do Bob's, com o ar-condicionado ligado - para ninguém suar demais.

Todo mundo sabe que em algum momento desta vida sobrecontrolada de movimentos medidos, esta menina vai precisar encontrar um homem com pegada, ou essa porra toda vai desandar de vez, e passaremos a procriar apenas em laboratório, como nos filmes de ficção científica!

É preciso esclarecer que testosterona é algo que influencia o comportamento do homem e da mulher. É ela que dá, também às mulheres, aquele sexdrive mais forte, e muito de sua sensualidade.

Não sei se isto é causa ou efeito, mas a impressão que tenho é que nenhum homem entende mais as mulheres como antigamente, pois isto é meio politicamente incorreto. Mulheres possuem esta característica contraditória, de reclamar daquilo que gostam, dizer que não quer e rezar pra você insistir mais um pouco, amar os homens que elas odeiam.

Como fazê-las felizes e sexuadas, num mundo de respeito quase insistente às suas vontades? Não deve rolar, sei lá. Vira uma boneca ranzinza e mimada, ou uma pegadora de coração gelado.

E o preocupante é que os homens querem o mesmo! (WTF)

E por favor, não me venha politizar nada disso, com bobagens sobre machismo, femismo, feminismo. O papo cabeça aqui foi sobre o amor e seus mistérios.

Seremos como os ursos Pandas.

19 agosto 2016

Verdades Bestas


Depois de anos de reflexão (quase) solitária na suíte dos ventos uivantes do Heartbreak Hotel, hoje pela manhã, em uma daquelas epifanias que todos um dia temos antes do café, percebi que na verdade existe quem simplesmente não precise de ninguém.

Eu achei que eu mesmo fosse desse jeito, pra ser sincero.

Afinal, eu tenho prazer em estar sozinho, não sou do tipo que casa nem namora por reflexo e hábito. Eu simplesmente não preciso de ninguém, a não ser que eu precise.

Contudo, geralmente não preciso.

Amores e paixões para alguém que realmente não precisa de ninguém surgem apenas pela vontade do dia, como quem acordou com vontade de comer pizza ou panqueca. Geralmente, não tem nada a ver com as outras pessoas envolvidas, e apenas com sua própria vontade de matar o tédio. Não se trata de maldade ou egoísmo, e sim de uma certa virgindade sentimental, de quem, provavelmente, nunca se ferrou de verdade nestas coisas.

Mas nisto, não me encaixo não.

Talvez, tenha sido como cheguei aonde estou, adquiri minhas crenças atuais, ano a ano - devo ter partido de algo assim.

Hoje, penso que precisar de alguém, mesmo, nunca preciso. Mas, às vezes, simplesmente quero.

16 agosto 2016

As Intenções Sexuais de Cada Um


O Instituto de Sexologia Aplicada Who Farted, em recentes percepções de mercado, tem notado que a atual obrigação de transar bem, gozar e fazer gozar, tem feito com que alguns destes encontros românticos casuais estejam se tornando demasiadamente mecanizados, chatos, com excesso de expectativas e esvaziados de sua essência principal.

Provavelmente, isto é fruto daquela geração que ficava contando com quantas meninas tinham ficado na balada, e de quebra tem afastado muita gente da prática da coisa toda, por mero desinteresse - o que é alarmante.

Para facilitar a vida dos jovens mancebos, o ancião sexual WhoFa, ex-barbossexual ativo e gordossexual praticante, resolveu juntar um pouco de seu nobre conhecimento sobre os vários possíveis pontos de vista de uma boa transa, misturar com dados científicos de todos os Institutos do Grupo de Estudos Who Farted, em um compêndio sucinto, para quem sabe, revitalizar o entendimento de algumas modalidades importantes na vida de pecados de todos nós.

Dentro destas modalidades citadas, se encaixarão todas as formas criativas de fazer cada uma delas, como por exemplo, em grupo, casual, no casamento, em formato hétero, homo ou pan, poli... Você escolhe. O que vamos descrever são as intenções e não a forma de fazer.

Simbora nesta viagem ao conhecimento!

Manual Who Farted das Intenções Sexuais.


"Dar": esqueça todas as preocupações da revista Marie Claire sobre encontrar o ponto G, ou chegar ao orgasmo junto com seu parceiro. Um dos prazeres que estão sendo esquecidos, negligenciados, é este de simplesmente se permitir ser usado por alguém, perder o controle da situação. O prazer é exatamente esse, de ser dominado, independente do prazer sexual em si, do gozo. Talvez por não entender isso, muita gente complica este mecanismo e vai parar no sadomasoquismo barato dos 50 tons de cinza, tentando encontrar esta situação de domínio que poderia ser curtida de boas, simplesmente relaxando e dando bastante, deixando que seu parceirão se aproveite dos prazeres de seu corpinho. No caso das meninas espertas e bem estudadas, muitas ficam preocupadinhas com esta obrigação de gozar ou em não fazer posições politicamente incorretas com seus cabamachos.

Se questões políticas te preocupam, cara moçoila, arrume um militante com formação prática nas boas práticas sexuais segundo Simone, e vaitimbora ser feliz. Ou, aproveita bobinha, e aprenda que homens também podem "dar" para mulheres, seguindo esta mesma lógica, simplesmente se permitindo serem dominados, usados por elas - e esta é sua chance de se vingar dos homens maldosos e machistas.

Mas acima de tudo, anota aí: "não tem nada de errado nesta modalidade, e muita gente sempre soube disso e fez assim, mesmo sem entender bem porque era bom. Hoje, as meninas já ganharam liberdade para exercer sua busca sexual pelo orgasmo perfeito. E nada mais as impede de agora retomar, também, o direito de de vez em quando, opcionalmente, simplesmente dar descuidadosamente e curtir esta sensação de se perder um pouco, sem ter de dar satisfação pra seu ninguém, além de você mesma."

"Comer" - se tem alguém pra dar, é bom que tenha alguém pra comer. Comer é algo que deve contar com a mesma despreocupação de quem resolveu dar - o foco não é fazer a parceira ou parceiro gozar, mas extrair dele todo o prazer que você puder para você mesmo, de forma bem egoísta. Nesta relação, é isso o que contraditoriamente vai dar prazer a quem está dando, ora pois. De novo, é preciso explicar que este é um jogo consentido e desejado por quem o pratica, e a relação com as modalidades mais radicais desta negociação de domínio é imediata.

Na opinião tosca deste cabassafado, com mero embasamento nas pesquisas de biopsiquiatria sexual do Instituto Who Farted, quem tem fetiche em sado-masô ou em brincadeiras de estupro precisa claramente se reconciliar com o basiquinho de comer-dar (eu disse brincadeiras, e claro que você entendeu claramente o que eu disse, se não for virgem! - não me venha fazer política com o velho WhoFa) .

"Fazer Sexo/Transar/Trepar" - agora sim, é o momento de você pegar aquela Revista Capricho e seguir o mapa do ponto G, com teorias e técnicas de estimular o clitóris e o bico do peito ao mesmo tempo, com o Kama-Sutra na mão, tomar aquele Viagra de garantia, estudar técnicas de coito via internet etc. Esta é a modalidade olímpico-artístico-esportiva do sexo, e sim, aqui é melhor que todo mundo goze, pois este é o foco. É aqui que pinto grande e bumbum durinho mostram lá seu valor.

Mesmo assim, pesquisas recentes do Instituto de Neurociências Aplicadas à Sexualidade Who Farted, indicam que este não é momento de fazer pressão, nem política, e dominar ou ser dominado pode fazer parte do pacote sem nenhum tipo de representação da sua realidade político-social, se é que você me entende. O papo aqui é sobre hormônios e sua posição enquanto animal fantasiante.

Ligue o foda-se literalmente falando, ou nada disso vai dar muito certo.

"Fazer Amor" - diferente das outras modalidades, nesta não é necessário qualquer tipo de demonstração de poder sexual. O foco neste caso deve ser o carinho que um tem pelo outro, o toque mais sutil, a troca de bons sentimentos, boas vibes. O Instituto Who Farted de Comportamento Social indica que 90% das pessoas se sentem melhor se fizerem isto com um tiquinho de cerveja ou vinho no quengo, pra ficar mais emotivo, e uma musiquinha safada pra instigar.

Uma dica importante da feminista Simone Furacão é que aqui, também, gozar é uma opção boa, desejável, mas não obrigação, pra nenhum dos lados. A lógica é que o caminho seja mais interessante do que o objetivo. Muito bom se o prazer de estar junto de alguém que você gosta e receber carinhos incríveis puder te levar a gozar múltiplas vezes, mas também se não levar dessa vez, vai na próxima, pois é acumulativo e sem desespero de direitos.

Então, ainda segundo Furacão, gozar é um direito da mulher, e jamais uma obrigação. E se quisermos igualar as coisas, vale a explicação do Instituto Who Farted de Gozações de que, para o homem, ejacular não é gozar - gozar mesmo, assim como para a mulher, é algo um tanto mais raro, enquanto ejacular nós homens conseguimos facilmente enfiando nosso falo em qualquer buraco quente, ou em poucos minutos com o uso da nossa própria mão peluda, completamente independente de qualquer outro prazer; portanto, não misture as bolas, bebê.

"Sarrar" - na sábia opinião do sexólogo Givago Sentaqui, uma das mais instigantes modalidades de sexo, por causa do jogo de esconde-esconde. Nesta pegada, não existe essa coisa de penetração, salvo, talvez, por um ou dois dedinhos maldosos. Sarrar é massa e não exige muita coisa de nenhuma das partes. Pode ser feito com roupas, ou completamente pelados, sem perder a essência.

É uma ótima alternativa pra quem quer se curtir mas não necessariamente pecar, naquele momento, por qualquer que seja a razão. O paradoxo aqui, segundo o Grupo Who Farted de Interações Sexuais, é que existe mais amor e desejo em sarrar do que em muitas trepadas que vemos por aí. Isto provavelmente se deve ao fato de que todo sarro bom precisa de um beijão bem gostoso e um toque a mais de safadeza pra dar certo, além de deixar as pessoas mais à vontade, já que ninguém está avaliando a performance de ninguém. E aqui, a princípio, vale tudo, menos pipipi no popopó.

Útil para meninas que querem guardar a virgindade, meninos que querem resguardar o rabo ou quando faltar camisinha e a treta for grande.

"Rapidinha" - é basicamente uma trepada de bolso. O instituto de Geriatria Who Farted não indica esta modalidade para homens acima dos 40, pois isso é coisa de menino encharcado de Ritalina, Viagra e testosterona sintética de academia. A rapidinha é aquela transadinha desengonçada e sem tempo pra curtir que pode acontecer na escada ou no carro, com aquela afastadinha rápida na calcinha. Mas isso, todo mundo com mais de 13 anos já sabe como se faz, né mesmo?

"Punheta" - modalidade sexual indicada aos amores não correspondidos. Cada um faz de seu jeito, dá seu jeito, do it yourself solitário, com ou sem aparelhos de pilha, filminhos e lubrificantes. Como já dizia um velho amigo do WhoFa, ainda nos tempos da escolinha... "nunca menospreze uma boa punheta, pois muitas vezes é melhor do que certas trepadas". A vantagem é que você se diverte na hora que quiser, muito parecido com jogar videogame. O mesmo vale para a siririca.

"O Sexo Profissional" - geralmente, pode ser substituído com louvor por uma boa punheta, ou uma pizza de calabresa. Mas o que pouca gente entende neste caso é que existe, sim, gente que tem prazer em pagar alguém para dar uma trepadinha, mesmo que possua inúmeras outras opções em sua própria vida pessoal e as facilidades do Tinder. Pagar é por si só um fetiche.

Fazer sexo com alguém que está recebendo para isto só será um prazer se feito desta forma, pela fantasia de comer uma profissional, ou se fizer parte de seu conjunto de crenças pessoais - porque se for pela falta de alguém que queira lhe dar ou comer, isso vai parecer algo um tanto depressivo, e pode ser trocado por uma barra de chocolate.

Transar com uma profissional é diferente de todas as outras modalidades de sexo, pois não exige nenhum esforço de sua parte para agradar a parceira, e mesmo que você tente, provavelmente ela não sentirá nenhum prazer mesmo.

É necessário um certo grau de abstração, pois você terá de se divertir praticamente sozinho, já que ficará claro que a menina não está ali se divertindo tanto quanto você, e compensa solicitar que a nobre dama da noite fique calada, sem precisar fingir aqueles horrorosos gritinhos de orgasmo de filme da Brasileirinhas.

Uma coisa importante de se entender nesta modalidade é que o interessante é que esta seja uma relação de muita clareza, pois se você começar a se relacionar com alguém que discretamente esteja contigo pelo dinheiro, sem jogar aberto, é treta grande - contrate uma profissional assumida.

Claro, estou falando tudo do ponto de vista de um cabamacho, visto que nunca me imaginei contratando um garotão malhado para me comer, mas... certamente, a descrição é muito parecida para as meninas que buscarem seus amantes profissionais.

11 agosto 2016

Contra a Maré



Tenho lido muito nestas postagens de colagens de autoajuda em redes sociais a lição de que sempre devemos apostar numa pegação que seja simples e fácil, que seja abertamente correspondida e sem ruídos.

Eu continuo indo pelo caminho menos indicado.

Percebo que tenho minhas próprias teorias sobre isto desde sempre, assim de forma meio instintiva, inconsciente. Sou muito ruim de fazer tipinho. Sempre que leio coisas deste tipo, ou considero técnicas safadas de sedução para moleques espinhentos tais como fingir desinteresse para gerar valor, noto que estas teorias são válidas apenas em situações onde a pressa faz parte dos objetivos - principalmente, a pressa de ir embora buscar a próxima, ou o próximo, depois dessa aí que você tá querendo, então tudo precisa ser rápido e sem complicação.

Eu sempre fui do tipo que quando se interessa por estas meninas complicadinhas, mimadas da vida, acredita que é melhor não esconder o que quer desde o começo, e não se importa de ser cozinhado por longos períodos, se o resultado desta trama de novela mexicana puder ser coisa boa de se ter.

Minha teoria tem lá seus fundamentos.

Todo mundo joga, todo mundo conhece técnicas de fazer ciúmes para instigar o sentimento de perda no outro. Tanto homens, quanto mulheres, hoje em dia, são especialistas nestas receitas de sedução fast food. Ser fera no assunto já é até meio padrão, assim como ter tatuagem e fumar maconha - nada disso te faz mais esperto aos olhos de ninguém com mais de dois neurônios, hoje em dia.

De fato, se você simplesmente se mostrar da forma que é e parar de esconder seus sentimentos e interesses, se você tiver suficiente autoestima para gastar e aguentar as tormentas e umas pisadas maldosas em sua cabeça, o que vem depois é a perfeita calmaria, é o desarme.

Mas isso é jogo de gente grande. Tem de ter nervos de aço.

Sim, todo mundo joga, mas não joga pra sempre. Quando se fogem das situações sociais, e ninguém mais precisa manter a fama de mal pra amigos de seu ninguém, as pessoas na verdade gostam de saber que existe quem se interessa de verdade por elas, e certamente baixam a guarda a seu tempo, agem como pessoas normais e destemidas, vão cutucar essa onça pra ver o que tem de bom ali pra elas.

Em outras palavras, quando alguém sente o chão firme pela frente, pode dar suas sambadinhas, mas eventualmente vai perceber que é seguro ir em frente, sem medo de cair e se machucar.

É por isso que ando nessa fase melosa, meio emo, meio homem sensível e maduro dos anos dois mil, piloto de comercial de carro de luxo, aqui no WhoFa. É o que tem acontecido na minha vida real, apesar de toda a minha ograbilidade.

Como disse um amigo na cervejada da última Sexta: quando chegamos a certa idade, já aprendemos que nenhuma rejeição nos derrubaria por mais tempo do que duas dormidas chorosas e uma garrafa de cachaça ou duas grades de cerveja artesanal, e isso podemos aguentar a esta altura - então não existe pra que ter medo de se foder com mais nada que se refira a meninas bonitas e suas maldadezinhas sinceras.

É assim que tem sido. Quando é amor eu assumo, e quando acaba o amor ou a paciência,  eu aviso também.

Por enquanto, sem comer ninguém, usando esta fórmula - mas há males que vêm pra bem.

Eu não sou bobo não, só tô de boa.

27 julho 2016

Era Só Amor


"Não daria pra simplesmente encostar na parede e roubar aquele beijo como tu sempre fazia, seu bobão?' - ô se dava... já deu demais... e até mais.

Às vezes, acontece essa coisa, essa fuga, de eu ficar tentando definir a fonte, imaginando nomes e rótulos, para um sentimento que fica pentelhando minha inquietude dia e noite, nesta vontade de puxar assunto, e reviver em conversas corriqueiras aqueles pequenos momentos que definem as razões de se amar alguém.

É abstinência de "xêro no cangote".

Não há mistérios. Quem não sabe? - dá pra saber fácil, quando você passa daquele desejo primal de comer alguém, e entra naquele estágio em que simplesmente levar pra jantar e falar sobre o tempo já te dá mais prazer ainda, ou quer tirar sua roupa só para enchê-la de beijos e mordidas safadas, enquanto assiste TV comendo pipoca. A certa altura da vida, não dá mais pra se enganar com estas diferenças.

E quem me vê passar, pergunta displiscentemente a todo tempo,"e aí, tá comendo?" - relaxe seu coraçãozinho, deixa dessa inveja branca, pois se estivesse eu não te diria.

Afinal, este é o Who Farted, e por aqui, nunca comi ninguém mesmo.

Na atual realidade do universo sentimental, pode ser um tanto desafiador e decepcionante querer chamar atenção para algo especial, vindo de você, de suas percepções da vida, das ligações perigosas que o desejo usa para te engambelar, destas intuições, dessa vontade de raptar alguém e trancar no seu quarto à beira-mar sem comunicação com o mundo externo para sempre, só pra ficar beijando o cangote.

Errado estou eu, portanto, que devia parar de tanta frescura, me agarrar ao Tinder e viver uma suada crise de meia-idade - quem, hoje em dia, quer mais levar qualquer tipo de sentimento a sério? Capriche na  foto do pinto, e bota pra gerar nos nudes sensuais.

Mas onde parei mesmo? - ah, me esqueci que estou me tornando um velho babão.

Sim, é amor, e do melhor tipo, o discretamente correspondido. Do tipo que, hoje em dia, ninguém mais bota pilha. Estou, não faz muito tempo, perdendo o medo de considerar esta palavra, este conceito, como algo comum, que não tem problema nenhum em existir. E já tentei tantas teorias sobre este caso, que a esta altura, foi mesmo a possibilidade mais concreta e controversa. É só amor. Sente logo essa porra e pronto.

O irracional tem de ser sentido sem as interferências das razões.

Só que o ruído é grande, os tempos são outros. O meu tempo, o tempo dela. É treta - adoro tretas, já falei?

É, caro leitor, você está certo. Quanto mais eu envelheço, mais besta eu fico, e mais eu perco por não curtir as coisas como são, nestes tempos desalmados. Estou começando um período de ranzinzice e saudosismo dos amores sem telefone em casa, sem internet, sem celular.

Abro minha cerveja, abro meu mundo, e borassimbora para as novas e inesperadas aventuras do grande love gambler.

A maturidade te traz pelo menos três vantagens no campo sentimental: tranquilidade na cama, serenidade para assumir seus sentimentos mais tolos, habilidade de perceber a hora certa de dar linha.

Foi massa - um dia, a gente se vê com mais cerveja no quengo pra azeitar essa tua vida que de tanta movimentação, ficou travada, congestionada.