Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

25 janeiro 2012

Depeche Mode e a Imprevisibilidade das Estações


Destemperado como sou, louco por experimentações asfaveanas e tiradas fora mesmo do inconvencional, recentemente me aventurei cá por terras recifenses a inventar um tal de Tributo a Depeche Mode, com uma banda de rockers, lá pelo já famoso em meus posts, Bar Burburinho, aqui no centro histórico da cidade, o Recife Antigo.

Tirando os contratempos normais de uma produção ensaiada para teoricamente apenas um show, foi um dos shows mais estimulantes que já fiz, justamente por sair do meu convencional atualmente, do esperado para uma banda de bar, e principalmente por quebrar os paradigmas a meu respeito, pelo menos por aqui.

Que se diga, em Recife apenas meia dúzia de pessoas sabe que uma de minhas primeiras incursões musicais foi justamente pela vertente eletrônica.

Caraca, fizemos algo realmente interessante, tocando as canções do Depeche Mode, com uma banda sem teclados, e com uma guitarra quase metaleira, cheia de efeitos bizarros. Foi uma pauleira, e eu tinha certeza de que causaríamos mais estranhamento do que realmente causamos. A receptividade foi no mínimo bem maior do que o que esperávamos.

As músicas mais rockers dos Depeches ganharam uma pegada pesadíssima, vocais arranhados, e as canções mais leves, caíram para uma leveza ainda maior, em arranjos quase acústicos.

Quando a ideia começou a tomar forma, meu maior medo era "chocar" o caretíssimo público do Rock Clássico que de uma forma ou de outra me acompanha aqui pelos palcos dos bares de Rock da cidade, avesso a novidades, que ainda se agarra com carinho aos seus vinis de Pink Floyd e Led Zeppelin, como se fossem a última bolacha do pacote.

Mas para minha imensa surpresa, o estranhamento maior veio justamente daqueles que deveriam ser os mais abertos a novidades, os poucos fãs de vertente eletrônica do Depeche Mode que visitaram a festa, por convite da bela moçoila que aparece na foto comigo.

Enquanto o público de Rock agitava com a gente curtindo DM, o público que já era fã da banda inglesa torcia o nariz para os arranjos distorcidos e os vocais de rock que fizemos, o que me fazia parar a cada música para dar explicações preocupadas a respeito da ideia do projeto.

Afinal, o show que fizemos foi baseado no que o próprio Depeche Mode faz atualmente nos palcos, sempre com guitarras em punho, uma bateria de bumbo duplo, performances arrebatadoras com atitudes rockers.

Naturalmente, isto não esteve nem perto de estragar a festa, e na verdade, boa parte dos narizes torcidos foram relaxando e participando da festa aos poucos, pois as canções do DM eram bem maiores que qualquer tipo de radicalismo.

A festa foi ganhando mais corpo, e o Fã Clube da banda foi se tornando aos poucos parte das melhores energias que recebemos durante e após a patifaria musical.

Sim, já passei por isto antes. Como não? Me lembra muito as primeiras vezes em que toquei Blues por aqui, quando as pessoas não sabiam bem que opinião formar a respeito do que viam e ouviam. Acho que isto faz parte mesmo da conquista de um público, da formação de um conceito.

Em outras palavras, é essa a emoção que procuramos para estar vivos.

É enriquecedor saber que a gente nunca sabe o que as pessoas vão pensar ou serem estimuldas a pensar sobre as suas atitudes e ideias. E cada vez que se gera um conflito, é sinal de que estamos entrando, invadindo um novo território.

So far, so good.

Aos que porventura lerem este post e estiveram neste show, muito obrigado por tudo.

Musicalmente? Musicalmente a banda detonou tudo! Parabéns para a galera. Eu, infelizmente, não estava muito à vontade, cantando sem ouvir minha voz, sem retorno de palco (o que torna a afinação e o controle de volume uma tarefa difícil) e ainda por cima tendo de ler letras o que me manteve amarrado e quase estático no palco, algo que não condiz com minha personalidade. Mas um bom "foda-se" sempre resolve boa parte do problema.

Quam sabe uma hora destas não levo esta bagaceira musical para outros territórios? É foda que os tomates em São Paulo costumam ser mais verdes e duros que os recifenses.

E puxa, de repente me veio a lembrança saudosa do antigo Espaço Retrô, em Santa Cecília.

Aí vai algo para você baixar (ou apenas ouvir) e algo para ver.


Depeche Mode ETN Tribute - Policy Of Truth by bluestamontes

06 janeiro 2012

Fogo na Torre do Castelo



Se o corpo ferve, tiram-se as roupas e que venha o rock'n'roll, as mordidas de carinho, as frases sussurradas que nos tiram do estado social para o instinto animal.

Mas se alma ferve, nem tanto se entende que é preciso despir-se de corpos, e invadir o olhar alheio com um convite para guardar as armas e os escudos, permitir que a alma ingênua se mostre e se entregue sem dor.

Ainda que o risco seja alto, vale o tempo.

Existe o momento em que o corpo não deseja mais ser enganado por frases e toques de ímpeto. Um dia ele procura o inteiro. E o inteiro algumas vezes pode estar em ter pela metade para perceber a falta que faz.

Não nos falta tempo. Aliás, me parece que isso é tudo que temos.

Deixemos a alma ferver. Já não me desespero, e nem nego o quero ter.