Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

28 abril 2016

Os Amores Silenciosos


Se eu mesmo me perguntar quem eu amo, como se sempre amássemos alguém, provavelmente terei respostas bastante diferentes a cada vez que o fizer, mesmo se fizer isto várias vezes num mesmo dia. Talvez, eu esteja certo em pensar que outras pessoas passem pelo mesmo problema que eu.

O corpo e a mente têm essa mania de jogar para outros o seu ideal de felicidade, provavelmente porque busquemos na aprovação do outro a nossa própria fé no que somos. E afinal, de que mesmo adiantaria se achar a pessoa mais sensacional do mundo se não fosse para conquistar e gostar de outras?

Apesar de meu cinismo ranzinza e momentos de pegação, sou um cara romântico sempre que posso. Um cara que quer coisas boas. Me entrego facilmente sempre que tenho chance, e sem motivos indiscutíveis para isto. Me torno um cara bobo e não consigo esconder meu fascínio por estes sentimentos que as meninas conseguem extrair de mim, vez por outra.

Nessas horas, não sou aquele cara esperto e safo que as garotinhas adoram.

As pessoas têm muito medo disso de ser romântico, pois existe uma tendência a se rir do romantismo, das atitudes legais em direção a alguém, da entrega sem expectativas. Falar de carências, então, é quase que uma atitude reprovável, como se a pessoa carente de afeto fosse alguém de má índole - o bonito é fingir ser frio e pouco valorizar as relações e depois reclamar que não tem ninguém, o bonito é fugir de quem te trata com prioridade.

Tolice. Só eu sei o quanto eu já fui consolo de gente moderna que chora que nem porco no matadouro quando perde alguém cuja relação que existia entre ambos nem nome certo tinha.

Estava refletindo sobre isso após uma cerveja que tomei com uma menina linda no último feriado.

"- Homem é muito besta. Vê uma festa com mulher, vai até lá e fica pagando bebida pra ela achando que vai comer" - ela comentou, já um tanto alterada.

A questão que guardei pra mim foi que, se neste exemplo o homem for realmente besta, qual o papel da mulher nesta relação? Pense bem... Boa coisa não há de ser.

Eu mesmo, quando dou presentes a uma mulher, ou pago jantares e bebidas para ela, certamente não estou sendo besta. É simplesmente uma forma de carinho que não me garante conquistá-la, tampouco a força a me querer. Vejo isto como uma forma sutil de fazê-la se lembrar de mim de uma maneira boa. E certamente, não o faço tentando provar poder financeiro. Nada do que eu faça chega nem perto do meu poder financeiro - e não estou dizendo que sou rico, pois não sou. É realmente incondicional.

Seria isso prova de amor, então?

Hmmm neste caso, devemos voltar ao começo do texto. Talvez eu ame incondicionalmente, por exemplo, a menina que citei neste texto, por alguns momentos do meu dia. E certamente, ela também me ama em piscadas mal planejadas de seu coração. Mas é notório que também amo outras meninas no decorrer do mesmo dia, e ela também - sim, ela também.

Mas se um dia a gente achasse que se ama no mesmo momento do dia e eu lhe desse um desses beijos astronômicos que gosto de dar em momentos sublimes como este, bem... Seria no mínimo curioso.

Mas não me interprete mal. Se essa, ou aquela outra, ou (eita) aquela que eu já quase me esquecia, me dá uma fria, demonstra descaso, prefere outro, eu vou ali comer uma pizza, e estamos acertados e prontos para o próximo capítulo.

Amor é algo que existe assim, fácil - não se espante com o que eu digo. O que falta geralmente é coragem de se comprometer com este ou aquele amor, ou aquele outro, e aquele outro. Somos todos meio poliamorosos por condição de nossa humanidade, até o dia em que algum nos pega pra valer.

É estranho perceber que, neste furacão de amores, geralmente vamos nos abrigar debaixo das asas de um amor preguiçoso, tranquilo e de menor intensidade, que não nos machuque e não nos exponha demasiadamente na vida.

É o medo. Sempre ele.

Pessoas, também, estão em eterna metamorfose, apesar de nunca mudarem completamente - são as facetas escondidas em cada um que surgem e desaparecem da pele com o passar dos anos e experiências. E tem dias que vc pode se ver encantado por alguém que ainda não existe, tanto quanto pode ter saudades de alguém que não existe mais.

Amor é complexo. Mas é certo que começa pequeno e sem muita graça, e vai te tomando se for alimentado, se não for tosado a cada vez que se sente a pontada no peito.

Hoje, sou um tanto pragmático com esses amores não falados. Quando pesco um pra mim, ponho em forno baixo e vejo no que estou me metendo, rego até onde posso, provoco até o limite de ser chato e monótono. Hoje em dia, investir num amor, mesmo um pequeno, recém plantado, se é de futuro promissor, é movimento de alto risco, é entregar de mais à confiança de alguém.

E quando se encontra essa semente em alguém cheio de tantos medos, mais medo ainda tenho eu. Não medo de parecer tolo, pois isso parecerei mesmo que nunca ame de novo, mas aquele medo que o Super-Homem tem quando puxa a namorada pra voar.