Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

13 julho 2011

A Grande Trapaça do Dia Do Rock


E lá estava eu no Facebook discutindo com meu grande parceiro e grande conhecedor de Rock, DJ Elcy (A.K.A. Mojo Man), a respeito desta tal data de 13 de Julho, “comemorada” mundialmente e oficialmente como Dia do Rock, graças ao festival Live Aid, que em 1985 aconteceu simultaneamente entre Inglaterra e Estados Unidos.

A discussão amigável se deu por um texto publicado por DJ Elcy pondo a tal data em dúvida, pois este festival não teria tanta importância para o estilo, além do que um documentário lançado há alguns anos dava conta de um suposto desvio de verbas que haveria acontecido na Etiópia (e não pela organização do festival, que fique claro), e ainda a questão de que o organizador do Live Aid teria feito o evento mais preocupado com a divulgação da própria imagem.

Muita gente sabida é a favor deste posicionamento, e eu respeito.

Mas pra mim, sinceramente, pouco importa. Gosto que haja uma data de referência para que comemoremos a existência do estilo musical mais popular da cultura ocidental, que envolve toda uma cultura própria e dispõe de imensa influência perante a mídia e o comportamento de hoje em dia.

A data, que fique claro, não foi escolhida para promover Bob Geldof, seu organizador, nem foi pleiteada pelo mesmo.

É preciso entender que a escolha de uma data comemorativa de cunho mundial envolve alguma política, e órgãos internacionais caretões.

Ao definir uma data destas é preciso ter certeza de que esta teve um acontecimento de cunho politicamente correto, que seja uma bandeira que abarque os valores nobres das nações envolvidas, e se possível participação de instituições respeitáveis como sindicatos e ONGs, além de ser algum acontecimento não muito cabuloso ou controverso.

Neste caso, conforme dito anteriormente neste texto, o festival está isento de qualquer tipo de desvio de dinheiro por seus organizadores – totalmente limpo.

Ainda, a iniciativa estava indiretamente vinculada à organização não governamental Anistia Internacional.

E talvez o mais importante fato que definiu esta data seja o fato do festival ter ocorrido ao mesmo tempo na Inglaterra e Estados Unidos, dois países que disputam a tal paternidade do rock. Por mais que o termo tenha sido cunhado pela cultura americana, sim, a Inglaterra tem seus argumentos justos, que não caberiam a um texto curto de blog.

Isto é política, e é assim que gira o mundo.

Mesmo sabendo de tudo isto, é justa a discussão sobre a data escolhida.

Naturalmente, se considerarmos fatos históricos, existiriam datas mais importantes como o lançamento de Rock Around The Clock de Bill Halley, ou talvez algo relacionado ao festival de Woodstock.

Mas, se eu fosse considerar uma data diferente desta, provavelmente votaria no dia em que o rock mostrou abertamente sua verdadeira face, o dia 27 de Outubro, data de lançamento em 1977 do álbum Never Mind The Bollocks dos Sex Pistols.

Este álbum foi magistral em registrar que Rock é diversão, mítica e contravenção (e a isso não se aplica um “apenas”).

Me dói no peito quando vejo alguém tratar o rock como matéria respeitável, música boa. Não era isso que os verdadeiros roqueiros pregavam, a começar pela expressão que o define, Rock'n'Roll, uma gíria dos negros americanos para transar.

Os verdadeiros “rock'n'roll balls” eram festas animadinhas semelhantes a um baile funk carioca, ao som de muito Blues e Fox Trot.

Quando os Sex Pistols lançaram o citado álbum, o Rock mundial passava por uma soturna fase de lirismos e musicalidade apurada (que eu adoro, diga-se de passagem), e de músicos tratados como entidades quase divinas por seus fãs.

E eis que nesse cenário, chega uma banda imaginária, mítica, de semi-deuses do escracho, escolhidos numa apurada seleção pelo produtor Malcolm Mc Laren, ex-quase-agente dos New York Dolls.

A banda, criada inicialmente para promover a grife “SEX” da esposa de Malcolm (outra longa história que não caberia neste texto), nada mais era do que uma cria em estúdio da mesma forma que se faria depois com os Menudos e New Kids On The Block.

Tudo na banda era falso, desde o fato dos integrantes não serem músicos até os cabelos e roupas estudados e criados por estilistas.

Ok, tenho de citar... A esposa de Malcolm era uma tal de Vivienne Westwood, uma das mais influentes estilistas da cena underground londrina.

Mas vejam só, este tal álbum lançado por uma banda fajuta, sob a contraditória bandeira de renovação do rock de verdade, faça você mesmo e quebra de todos os valores musicais e éticos de uma era, se tornou a mais influente banda de rock de uma geração, responsável por um padrão de rock-pop que persiste até os dias de hoje nas rádios e sites de mp3.

Na época, o grande barato é que o produtor e a banda fizeram questão de deixar isto claro para o mundo, no álbum seguinte, The Great Rock'n'Roll Swindle, “A Grande Trapaça do Rock'nRoll” ou “Tiramos onda com suas caras, seus manés!”.

Sim, eles tiraram onda com a mídia, a crítica especializada, a indústria. Venderam gato por lebre e mostraram ao mundo como as coisas são feitas neste universo.

A história da banda ganhou alma graças à personalidade controversa de seu “baixista” Sid Vicious, cuja história caso você não conheça eu prefiro que tente alugar o DVD do filme Sid & Nancy, uma bela fantasia sobre isto tudo.

O Rock sempre foi uma grande trapaça, meus caros!

Quando o ritmo explodiu entre os negros, os brancos puseram o caipirão branquelo Bill Halley na TV, para salvar as famílias americanas da influência negra.

Quando Little Richard botava quente com sua androgenia e uma voz digna de qualquer banda de Metal dos anos 80, os americanos inventaram o tal rei do Rock, Elvis Presley, um adrógeno branquelo e loiro, que rebolava e pintava os cabelos de preto para tentar dar veracidade, alma latina, transgressão ao seu country rock comportado.

A Inglaterra, sempre uma das mais criativas indústrias de Marketing e Publicidade, se especializou em criar mitos com bandas que, assim como os Sex Pistols, eram planejadas desde a escolha de músicos que deveriam funcionar bem juntos visualmente, até o cuidado com gravações que duravam séculos até atingirem os resultados esperados, capas planejadas por designers top de linha, carreiras estudadas passo a passo como numa empresa.

Assim, vieram Beatles, Stones, Led Zeppelin, Black Sabath, Pink Floyd e tudo mais que ficou na história do rock.

Enquanto os americanos tinham de morrer de overdose para ficar na história, os ingleses faziam história com um marketing bem planejado que nos fazia sonhar.

É tudo espetáculo, mítica, diversão, expurgação, exorcismo!

É tudo festa e anarquia.

Então, independentemente do que parece ter acontecido na tal história do rock, e tudo mais, é incrivelmente importante ver o reconhecimento de toda esta algazarra pelos órgãos oficiais, e poder ter uma data marcada para contar estas histórias, como os antigos guerreiros contavam suas batalhas.

Pois de brincadeira em brincadeira, de algazarra em algazarra, mudou-se o mundo.

E graças a toda essa trapaça, o mundo tem menos preconceitos entre raças, classes sociais, direcionamentos sexuais, comportamentos.

E além do mais, é um bom motivo para se tomar cerveja e andar de Harley Davidson, não necessariamente nesta mesma ordem.

Pelo menos por enquanto, viva o dia 13 de Julho!

08 julho 2011

Tempos Modernos


O tempo passa, o tempo vôa, e a Poupança Bamerindus... Nem existe mais.

Daí, meu velho amigo Innó me enviou essa e outras fotos da época em que eu estava chegando em terras recifenses, e achei por bem compartilhar com os amigos e amiguetes.

Sim, a vida é mesmo um eterno estica e puxa, caro whofarteder, e eu já tive minhas fases de andar arrumadinho, ou quase isso.

Mas não se engane. Esta foto, de 10 anos atrás, mostra um cara muito parecido com este de hoje, com a diferença de que eu ainda estava estrebuchando dentro do tal mercado de agenciamento de modelos pernambucano, e começando a partir para novos horizontes prestando consultoria em marketing de varejo para pequenas lojas e confecções da região.

Tudo isso parece muito sério, mas na verdade é tudo cabassafadisse do mesmo jeito que é tocar Blues.

Música pra mim, nesta época era uma mera lembrança da minha adolescência.

Havia apenas alguns dias antes desta foto, eu estava quase tão cabeludo e barbudo quanto hoje, mas aí, recém amancebado, minha bela esposa pegou a tesoura e consertou essa falha, cortando o cabelo e fazendo barba.

Claro... Algum tempo depois, olhou pra mim e disse: "Sei não mais o que sinto por você... Você não é mais o mesmo..." - disse Dalila a Sansão da Tarde

Brincadeiras à parte... Cacildis... Baralho... E num é mesmo que depois disto eu engordei um bocado?

Esta foto foi tirada num shopping onde eu tinha montado uma agência de modelos (uma franquia mezzoboca da Taxi Models de Sampa, com uma passarela, um estúdio improvisado e um microstand da antiga Directv), e minha loja ficava bem ao lado da Praça de Alimentação.

Pois então... Tinha que estar lá bem antes das 10 da matina e café da manhã pra mim era dois enganadões de queijo com presuntada de praça de alimentação em embalagem colorida de shopping e um litro de Coca em copinho fechado com canudinho. Hmmmm... Coisa boa.

Depois emagreci de novo, e agora engordei outro bocado.

Mas releve. Afinal, cheguei aos 40, né mesmo?

Espere mais uns meses e estarei assim de novo - marmagrim.

Ora, sibito.

Mas a memória é boa.

La Vida Loca



Talvez você também tenha pego na Sessão Corujão da Rede Grobo de Telebizonhos por estes dias, um filme chamado Tudo Por Dinheiro (Two For The Money), com Al Pacino.

Filminho interessante, adequado à madrugada. Melhor que dormir. Do tipo que se não é uma obra digna de 7 Oscars, pois não tem cena de gritos na chuva nem atores em papéis excêntricos, pelo menos traz uma discussão instigante sobre o tema jogo (gambling).

Gosto de opiniões controversas sobre temas tabu, daquele tipo que a sociedade gosta de isolar no quarto dos fundos, como se fosse aquela tia louca a quem todos querem esconder e até mesmo citar seu nome seria agressivo à família.

Tipo... Joguem os pedófilos na forca, os drogados na cadeia e salvem as baleias e os ciclistas.

E falando de vício por jogo, um dos antipanteões da família católica, o cabinha do filme fala: “Você não joga porque acha que vai ganhar. Você joga pra perder, e assim se sentir vivo, pois gosta da sensação de estar no fundo do poço.”

Isto, claro, é mera psicologia.

Mas uma coisa é você ler um livro de teorias e outra é se deparar com essa realidade em um filme comercial, que de alguma forma te faz buscar situações semelhantes na sua vida.

Ainda me lembro de forma peculiar de quando eu era moleque e tive de deixar um daqueles apartamentões em bairo nobre com minha família arrancando os cabelos para morar num pequeno apartamento, devido a uma ordem de despejo gerada por um negócio que deu errado e tinha o tal imóvel como garantia.

Também, ainda guardo boas memórias da primeira vez que me vi levando corno de mulher.

Em ambos os casos, tudo deu certo no final.

Mas também em ambos os casos, apesar da situação extremamente negativa, a primeira sensação que tenho na memória não foi exatamente ruim, após concretizadas as primeiras consequências.

Estas e outras situações ruins que eu, como todo mundo que conheço, um dia tive de enfrentar na minha vida comum, me fizeram sentir vivo. Eu quase tinha orgulho de dizer que havia passado por tais experiências.

Há um certo feeling de liberdade em se perder algo que te toma grande parte de suas preocupações diárias. É como arrancar um dente que dói – e esta experiência, eu ainda não tive, mas posso imaginar.

O ser humano tem, por instinto, a necessidade de enfrentar desafios, resolver problemas, como quem estivesse numa selva a caçar um preá, ou um macaco, para sanar a fome daquele dia, e é fato notório que estar em uma posição confortável vai contra este instinto, trazendo um certo desconforto, uma vontade de dar um murro na parede, o tal do stress.

A sociedade (eita) ocidental é contraditória, pois o grande desafio do ser humano moderno é buscar a estabilidade financeira e emocional. O cara se estressa porque não está conseguindo, e quando consegue se estressa porque se sente preso às obrigações de manutenção.

Ralar para comprar um carro importado pode ser bastante desafiador para alguns, mas, se depois de conseguir esta façanha seu foco se voltar para a manutenção deste carro, o cara entra em crise. Pra se sentir vivo é preciso querer comprar o segundo, e o terceiro.

Por isto, nada deixa o homem animal mais acuado do que ter um bom casamento, um bom emprego, um apartamento para pagar o condomínio todo mês. É um eterno jogo de manutenção, em guerra com o instinto de conquista.

Quando tudo dá certo na vida, quando as coisas vêm fáceis, tudo perde o brilho.

Perder tudo, em contrapartida, abre os horizontes, pois deixa claro que você está exposto à derrota assim como qualquer um. Uma derrota legitima uma vitória, pois só faz sentido ganhar, se ganhar for um desafio.

Não ter nada significa que tudo é possível.

Ter algo significa repetir ações constantes para continuar a ter apenas o que já se tem. É trabalhar sem receber.

E é uma verdade incontestável que só se pode ganhar algo e se sentir vivo se você estiver disposto a perder aquilo que deseja e souber que perder é uma possibilidade real.

Quem não está disposto a perder, a jogar, vive cultivando sonhos não realizados, pois perder não significa apenas perder o objeto de desejo, mas o próprio sonho.

Todos precisamos de um adversário.

Na maioria das vezes, o adversário é o simples destino, o caminho natural do trem se você não criar os desvios.

A vida é um instigante jogo de azar. E é um vício por si só.