Ao contrário das minhas piadinhas irônicas sinceras de sempre, este ano, em meu post clássico do Dia dos Namorados, vou reforçar que admiro quem namora, gosto de quando sou namorado, e sim, sempre que chegamos a esta data, quando estou sozinho, como todos, tenho dois sentimentos recorrentes: uma certa melancolia por não ter talento para este expediente e um alívio pelos gastos a menos numa época em que geralmente estou liso e mal pago, graças às minhas profissões malucas.
Sempre fui um romântico incurável, que na falta da coisa real, se deleita com suas mil virgens.
Como romântico safado que acabo de dizer que sou, não posso me contentar em fingir pra mim mesmo que amo por medo da solidão, por qualquer carência enrolada. E se amo, jamais me contentaria com quem estivesse comigo sem sentir exatamente o mesmo. Sou absolutamente avesso à conveniência social de se andar em casal. Pra mim, é fogo ou água.
Apesar de gostar de namorar, sempre assumi meu total deslocamento de todo este ritual, em seu formato mais comum. Talvez por isso, que me lembre, eu tenha tido na vida apenas duas namoradas que tenham durado mais que poucos dias, e um casamento de pouco menos de cinco anos. O resto foi só rolo.
Do formato típico do namorado perfeito, tenho muito pouco, ou nada. Não sou uma destas figuras com carrinho financiado, camisa social dobradinha até o cotovelo, perfume contratipo, comedor de Sushi. Sou da pizza, da camiseta, bermudão e chinelo.
Sim, esta lista de qualidades, apenas por coincidência do amor, faz parte na maioria das vezes do perfil do príncipe consorte das "princesas de namoro".
Se existem exceções? Claro! A maioria dos verdadeiros amores fogem às necessidades estéticas de combinações, já que namorado não é bolsa de grife.
Generalizações e ironias malvadas à parte, grande parte do martírio a que faço minhas meninas passarem são quase intencionais. Eu gosto de mimar, mas não com estes artifícios. As trato como iguais, sendo que meninas lindas, desejáveis e beijinháveis.
Não me importo em dividir a conta, não gosto de ser forçado a frequentar festas familiares, mas adoro ter longas conversas na cama, ouvindo música ou vendo TV.
Sempre que vejo a cultura do ter alguém pela necessidade de ter alguém, sou obrigado a dizer que quando isso acontece as pessoas estão perdendo a chance de conhecer pessoas que poderiam ser realmente importantes.
Muitas vezes, aliás, estão perdendo a chance de conhecer até mesmo a que está a seu lado, que poderia se tornar apaixonante, já que em grande parte destes casos a pessoa "amada" é uma espécie de ponto de espera, que fica ali como base sentimental, uma amizade acelerada, sem aquela necessidade extrema de estar perto, comendo Sushi antes das dez, para a outra parte se apoiar enquanto continua à procura em flertes e ficadas do outro lado da cerca.
Secretamente, chamo este de "o dia das namoradas", já que é sempre muito mais honesto amar várias meninas que me encontram em poucos momentos no ano de coração aberto do que estar com alguém por conveniência sentimental.
Se eu pudesse, daria um presente a cada uma. Mas para não ser infame nem injusto, naturalmente não posso.
Fica meu conselho a todos os Whofarteders: aprendam a receber o amor de quem quer te oferecer, considerem, tentem retribuir. E se não conseguir, se não der clique, não fiquem por perto, e ofereçam seu amor a outros. E se não forem retribuídos, recolham de volta. Mas só se casem, só namorem, só se apaixonem por quem demonstrar que quer lhe oferecer o mesmo. Só deem match quando for impossível estar longe apenas daquela pessoa. Pois, enquanto para sanar a saudade de uma, encontrar outra servir, é muito mais saudável, divertido, honesto e prazeroso namorar todo mundo, seguindo os passos do Wesley Safadão.
Se tem alguém que eu gostaria de namorar? Certamente, talvez não de maneira convencional, mas sempre tem, nunca deixa de ter, e sempre sigo os meus conselhos pra mim mesmo, pois nada disso se pede, de quem quer que seja. Isto se conquista, ou não.
Passar alguns sábados sozinho e os dias 12 vendo TV, ou dando um passeio massa, a gente tira de letra. O que não pode é forçar barra.
Que tenhamos todos apenas um namoro na vida, se for o caso, mas que seja verdadeiro no presente, nas lembranças e nos planos futuros.
Ano que vem, falo de novo sobre isso.