Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

20 julho 2017

Panela Depressão


Pensando com meus botões, cheguei à conclusão de que a depressão pode ser apenas uma espécie de vício, assim como alcoolismo ou vício por Coca-Cola, sexo, sei lá. É algo que de certa maneira tem lá seus prazeres. Parece mais uma rota de fuga.

É como aquela mulher que te maltrata, mas você não consegue deixá-la, pois ela faz parte de todas as suas justificativas para a vida.

Não me interprete mal. Não sou mais um destes que anda por aí dizendo que depressão é frescura. Sei bem que não é. Sei bem como é, aqui e ali, ser visto como preguiçoso, sem força de vontade, desinteressado, chato, grosso, antissocial. Deixar um vício não é fácil, veja bem. Poucos conseguem.

Então, como você pode ver, sua razão de viver está salva, no que depender de alguém dar atenção à minha opinião sobre este assunto.

Mas quero esclarecer uma coisa, aqui. Este realmente não é um post de autoajuda, conscientização ou de choramingos sobre depressão e suas facetas. Se você tem essa merda, desejo que você se ferre, de todo o coração.

Convivo com esta chateação há muitos anos. Certamente, não é das mais profundas, do tipo de pular pela janela, pois acho que só levei surra dela uma vez na vida. Depois disso, aprendi um truque simples... Eu deixo tudo desabar, sem medo de chegar ao fundo do que quer que seja, e simplesmente me reconstruo a partir das cinzas e bitucas. Costuma funcionar.

A verdade é que uma vida plana seria muito chata.

Provavelmente, a maior parte das chateações de uma depressão vem dessa insistência em manter tudo funcionando bem, apesar de tudo. Mas se não está, isso é muito custoso.

Conclui que, considerando que a rota pra todo mundo é parecida, e vai dar na mesma situação de virar adubo de erva daninha, só me sinto bem quando estou construindo meus castelos. Guardar, pra que? Depois que ficam prontos a vida fica sem graça, e jogar uma pedra em cima é divertido, acho.

Uma coisa que muita gente não entende é que depressão não é tristeza. Eu quase nunca fico triste, acredite. Isso tudo se parece mais com aquela vontade que o jogador de cartas tem de perder, para se sentir vivo. Ninguém em sã consciência se sente vivo no paraíso.

Eu sou um destes caras malucos o suficiente para nunca se apoiar em remédios. Mas quando digo isso, tomo o cuidado responsável de esclarecer que cada um tem sua própria sina. Não me siga.

Mas, o fato é que hoje senti vontade de dizer a quem tiver consciência sobre essa coisa toda, que faz tempo que vejo pessoas pregando as dificuldades da depressão num coitadismo danado. Virou moda. Todo mundo agora é deprimido e toma remedinhos caros pra ficar feliz.

Só que como eu disse, depressão não é tristeza. Será que você não diferencia? Nada deixa um cara deprê mais feliz do que se afundar na sua falta de vontade. Logo, não. Não é tristeza. É uma alegria diferentona.

Bota um bluesão pra tocar na vitrolinha, bota umas latinhas pra gelar e se analise, se pergunte o que está errado. Na maioria das vezes, você vai descobrir que era apenas tédio, e que começar tudo diferente por um tempo, pode ser a instigação que faltava.

Pouca gente fora desse circuito vai entender o que é ter uma BMW e perceber que lá no fundo você torce pra que alguém roube, pra você sentir de novo o prazer de escolher seu primeiro Fusca.

Não, acredite em mim. Se hoje em dia você acordar e sentir que na verdade é um peixe e não um ser humano, os psiquiatras dirão que é normal e que você deveria fazer uma operação para se tornar um peixe. Nada mais é doença mental. Então, no futuro, vão descobrir que essa coisa de depressão também não se tenta curar. É caso de observar, prestar atenção nos sinais. É a síndrome da não aceitação da falta de sonhos, que leva à falta de sonhos, assim como a desidratação leva à rejeição à água.

Eu mesmo, descobri que é hora de botar aquela gatinha na garupa (bora?) e acreditar que é possível criar um mundo perfeito em suas delicias agridoces imperfeitas, em sua capacidade de me manter ativo e interessado graças às suas mais criativas intempéries - o mundo.

Tá, é chato. Sou chato. Mas não é isso que te faz me amar? Tá tudo errado, mas tá tudo certo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário