Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

14 outubro 2015

Who Farted - The Book


Sim, caros e raros seguidores. Promessa é dúvida. Como citei há alguns posts (citei mesmo?), em comemoração pessoal pelos 10 anos deste blog safado, estou fazendo uma compilação dos textos mais bacanas e não datados para fazer um livro do WF.

A escolha não é fácil, pois se tratando de 10 anos e de blog, é uma década falando merda sem tanto cuidado assim em ser fiel à gramática vigente, e sem uma revisão assim tão criteriosa, ou isso aqui seria chato demais pra fazer. Logo, pode ser que ainda demore um pouco para concretizar o projeto, se somarmos isto à minha preguiça incansável.

Contudo, posso contar com a ajuda dos seguidores mais fieis e dos curiosos mais corajosos, caso se interessem. Se buscando pelo arquivo do blog, que está ao lado direito da página organizado por anos e meses, você encontrar algum texto que lhe interesse, que chame mais atenção, pode deixar um comentário sugerindo a inclusão deste no livro. E não se preocupe, pois o comentário não será publicado, e apenas eu o receberei, podendo inclusive ser anônimo, e atomatamento.

Quando eu publicar o livro, distribuirei de forma gratuita pela net, e caso alguma editora se interessar por este monte de bobagens, ele pode virar papel também.

Vamos ver o que a gente pode ver.

12 outubro 2015

Superexposição


E ela entrou estonteante porta adentro. Quase não a reconhecia, pelo que sempre via. De menina, se metamorfoseava em mulher diante de meus olhos, em minhas suposições, mulher com jeito de menina. Cabelos longos, boca bonita, sorriso cativante, em um vestido que fazia o máximo para não atrapalhar, curto, pequeno, colado, quase nem precisaria estar ai.

Mas era apenas um bar.

Podia ser pra mim, ou simplesmente não. Preferi observar mais, um pouco distante, tomando minha cerveja, analisando o movimento à sua volta.

Tudo o que eu queria neste momento era, como sempre fazia, perder as estribeiras, o bom senso, o controle, este mesmo que venho tentando manter a todo custo a toda hora, ultimamente - preciso ser um cara mais maduro, como aqueles que andam de terno pilotando os carros dos comerciais.

Não nego meus ímpetos a todo momento, mas gostaria que estas explosões não fossem coisa de momento, coisas de um vício pelo afago à autoestima, pelo colecionismo.

Aquela eterna briga entre Dr Jekyll and Mr Hyde.

E me faço esta pergunta fácil: porque é tão difícil se apaixonar hoje em dia?

A superexposição ao desejo faz o mesmo que a superexposição ao medo - o perdemos. Sobram os instintos.

Não serei eu a mais uma vez falar os mesmos clichês sobre como as redes sociais estão nos fazendo mais apáticos e cínicos, mais hedonistas solitários. Mas repetirei meu clichê, e volto a dizer que no amor é preciso aprender a ter menos para ter mais.

E que amor teria graça sem antes passar pelos filtros das paixões?

E lá estava eu observando, e de tanto observar a perdi de vista. Game over, por aquela noite - para ela.

Meus jogos, contudo, seguiram pela madrugada e viram o sol nascer com cerveja e sol, conversas sem graça e um monte de razões para ir embora, e nunca mais ligar.

Que efeito misterioso este que nos faz abrir mão dos objetivos, para abraçar paliativos?

Não adianta, não tenho mais pressa. Gosto daquela emoção de apostar, correr o risco de perder, criar valor, pois toda menina que valha a pena, como sempre vou dizer, precisa estar disposta a voltar, me dar outras chances. Quero ser o ganhador da dança do acasalamento e não apenas o que tem pra hoje.

Mas aquelas que não contam tanto, estas estão sempre aí, e as conduzo com a facilidade que meu tempo de mercado me fez adquirir.

Sim, nos apaixonamos menos hoje, pois temos inúmeras rotas de fuga. Esta é a explicação. Somos todos menos resistentes à rejeição, menos insistentes. E porque insistir, se tenho outra que me chama e não dará tanto trabalho?

Vou lhe dar apenas um motivo: todos precisamos de mais verdades e razões, ainda precisamos conviver de verdade, ter intimidade. Esta solidão em grupo não vai vingar pra ninguém.

Bom, deixa eu correr ali pra abrir a porta, que a geladeira tá cheia.

10 outubro 2015

Crônicas da Bunda e dos Peitos


Acho massa textos falando de como o homem deve se comportar na cama para fazer as meninas felizes, os segredos, o timing das coisas e tudo mais. Apesar de sempre colher boas dicas, isso também me faz ficar imaginando que tipo de pragmatismo a pessoa deve ter para fazer sexo com uma menina linda e cheirosa, sem se empolgar, de forma a não errar nos passos da boa comida, sem broxar, sem gozar antes, sem perder a concentração, sem demorar muito em cada fase, sem jogar a toalha molhada na cama, sem esquecer de tirar as meias.

Certamente, minhas melhores transas não foram aquelas em que me propus a fazer malabarismos ou utilizar técnicas de excitação, e nem mesmo aquelas em que me preocupei muito em satisfazer a menina. Os melhores rocks mesmo foram aqueles em que ninguém se preocupou com nada - nem mesmo em ter prazer.

Digo, puxa, se eu vou a um restaurante comer uma lasanha, não vou ficar o tempo todo avaliando as qualidades da lasanha, ou se ela vai me dar todo o prazer que eu poderia ter ao comer uma lasanha, ou se a lasanha vai me chupar ou não, se ela me ama. Vou lá e como, curto o momento, e se a lasanha for de meu gosto, voltarei, assim como posso voltar pelo ambiente do restaurante, ou porque fica perto de casa. Tudo tem lá seu valor, e seu peso nestas horas. A lasanha deveria pensar o mesmo, nesse mundo moderno.

As melhores noites foram aquelas em que os dois, ou três, ou quatro, estavam gostando de estar juntos, estavam conversando, tomando cerveja, rindo, fazendo bagunça, testando eletrodomésticos, frutas, pirulitos, lasanhas e oleosidades em geral, sem toda esta preocupação de resolver todos os problemas da sexualidade da minha, da nossa ou da sua vida naquele momento.

Quando você se fecha no quarto com uma menina e começa a se preocupar com sua nota na avaliação final, a coisa vai desandar e chegar ao resultado contrário do que todo mundo quer. Vai ser menos divertido.

E se a moça ficar lembrando do que a revista Marie Claire dizia que ela teria de sentir naquela hora, ou ficar encanada em não decepcionar suas amigas feministas na hora de escolher as posições, a coisa vai dar mal.

O que excita de verdade é ver o desejo do outro. E não adianta fingir.

Sexo é estado de espírito. Pelo menos, sexo bom é assim - existem lá as modalidades esportivas da causa, mas não é vida real, nem tem conteúdo, não traz sentido, continuidade.

Tudo bem que eu devo mesmo defender estas teorias, já que ando tão gordo que pouco mais me restam do que três posições sexuais: em cima, embaixo ou deitado pegando fôlego pra voltar. Mas acho que independente de meu sarcasmo, a coisa vai no mesmo caminho pra todo mundo.

A boa trepada é aquela em que você olha a pessoa e tem vontade de desfrutar dela, de passar a noite juntos, testando paladar, tato, audição, olfato, visão e especialmente os outros sentidos ainda não catalogados.

E tem mais... eu devo mesmo estar filosofando demais porque, relembrando Cazuza, "neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda eu ainda não comi ninguém".

Vou é encher a geladeira de cerveja, porque vai que...

14 setembro 2015

Tá Fazendo é Nada


Apenas para bancar o chato, resolvi fazer uma postagem curta contradizendo alguns memes que vi ultimamente circulando por aí, da nova safra neofeminista-homensnuncamais.

Como percebo que uma das maiores preocupações da mulher moderna é em como afastar os homens e suas cantadas idiotas de perto delas, a não ser que se trate do Rodrigo Santoro ou algum maluco de boné de aba reta que ela mesma quer cantar, ou sei lá, vou dar três dicas infalíveis para que esta tentativa NÃO dê certo, em mais um manual prático do Who Farted.

Como Não Espantar Homens Que Queiram lhe Pegar

1) Dizer que tem namorado, ou deixar isso explícito nas conversas: de boa, faz tempo que eu, ou os outros caras que andam por aí nos mesmos lugares que eu, não nos deparamos com mulheres solteiras. A grande parte das mulheres com quem já fiquei nas noitadas, na manhã seguinte esclareceu que tinha um namorado, um amante, ou um ficante desavisado de sua vida apimentada pelos bares quando elas não estavam por perto. E de levar corno, eu mesmo já até cansei. De forma, que dizer que tem namorado não é exatamente um grande empecilho, hoje em dia, graças à modernidade destes jovens loucos deste mundo pré-apocalíptico. E isto, fique bem claro, não tem muito a ver com machismo, mas sim com o feminismo mesmo, até onde entendo - isso pode Arnaldo? PS.: esse papo de dizer que homem respeita a presença de outro homem é absolutamente uma lenda.

2) Ficar chamando o jovem que tenta lhe abordar de "amigo": de novo, caminho errado. Qual o problema de ficar e transar com os amigos, cara moçoila? Algumas das melhores noites que já tive foram com amigas, que terminaram voltando a ser apenas amigas, na manhã seguinte. E quem é que respeita mais essas coisas? Pra uma noite, não tem stress, e se for pra namorar e casar, é melhor mesmo que seja uma amiga, ou a coisa não vai prestar. Ah, estes jovens...

3) Dar tapinhas nas costas, quando abraçar para dar um beijo no rosto: essa é de longe a mais estranha das atitudes que vejo em algumas meninas quando querem sinalizar que não vai rolar nada, porque geralmente vem das meninas com quem você realmente não pensou em ter nada desde o início. É bem constrangedor, e mais provável que a partir daí você acabe é gerando curiosidade. Tenta essa no caso de você querer chamar atenção de alguém, que talvez seja mais efetiva.

Quer uma solução rápida para um cara nunca mais te ligar e desaparecer da sua vida? Saia com ele e tenha uma boa noite de sexo. Se não for amor, nem amizade colorida, ele não vai ligar no dia seguinte (em todos os sentidos).

Falou o consultor sentimental do Who Farted.

23 agosto 2015

Em Busca da Segunda Chance


Viva a bunda. É sempre por ela que as coisas começam e acabam. O homem olha a bunda de uma bonita moçoila, se apaixona por ela e gerencia a coisa toda até levar um pé na bunda da mesma.

É isso. Relacionamentos perfeitos não existem. Eles começam com safadeza, com percepções pouco profundas de quem são estas pessoas, um cheiro bom, um cabelo.

Meninas se interessam por mim imaginando, às vezes, o cabassafado ogro puxador de cabelos e superdotado que grita e toca guitarra no palco de um bar, mas terão de se deparar, indeed, com um gordinho de convivência fácil e que vive de chinelão e bermudas, comendo pizza e se arriscando em empreitadas malucas nos negócios - no drugs, no rock'n'roll, but some beer and sex.

Principalmente nos tempos de informação fácil, agilidade de comunicações e Tinder, é preciso se lembrar que um bom relacionamento amoroso com alguém precisa ser construído - não virá pronto, como já chegamos a imaginar em tempos remotos.

Sempre que conheço uma nova menina, seja ela ninfeta ou pós-ninfetona com méritos, estou pronto para enfrentar o primeiro tempo sabendo que provavelmente ela marcará três encontros no mesmo dia com outros caras, café, almoço e jantar, e deve saber gerenciar isso tão bem com seu megacelular cheio de apps que quase ninguém percebe, ou nem liga.

A esta altura, o caro leitor deve ficar imaginando que o título deste post se refere a uma busca por refazer a vida, após um primeiro "casamento", né mesmo? Mas não, né nada disso... Relaxe.

Não caia no pensamento cafona da geração X.

O que eu venho dizendo é que dada a dificuldade de se ter uma segunda chance com qualquer mulher que seja, na hora de se avançar do flerte para um primeiro beijo, é bem capaz que no dia em que isso acontecer, eu tenha finalmente achado a nova pessoa certa para minha vida da última semana.

Nos últimos meses, como ando lento, preguiçoso emocionalmente, e muito preocupado com a salada de batatas do meu restaurante preferido, que parece estar caindo de qualidade a cada semana, tenho batido recordes de abandono de posto e "no show" na hora que as meninas mais parecem querer me seduzir, sempre apostando eu num possível próximo encontro para resolver a situação com mais calma - encontro este que constuma não trazer os resultados esperados, pois as meninas parecem fingir que nunca jamais fizeram ou quiseram o que tentaram no encontro passado.

É verdade que nunca se sabe se a moçoila realmente está lhe dando mole. Geralmente, nem ela mesma sabe bem se é isso. São ímpetos, são testes, são um convite a que eu tome as devidas iniciativas, como geralmente o faria.

Por isso, uma segunda chance é incomum. Meninas bonitas têm uma frágil autoestima, por regra. São emocionalmente mimadas, e reagem mal a qualquer sinal de possível rejeição. Dar uma segunda chance, portanto, seria abrir a guarda excessivamente, seria assumir que ela quer, e portanto se expor à possibilidade de receber um não, uma noite blasé.

É tudo um jogo de baixo risco. E este jogo tem soluções interessantes, é como um xadrez.

E a merda é que eu tô nem aí. Só me lembro que ando precisando voltar a comer alguém com ritmo de repetição quando passo um sábado em casa tomando cerveja sozinho e tocando guitarra para as paredes, afins de discutir física nuclear com alguém e fazer amor selvagem ouvindo Blues safado.

Contudo, eu em minha enésima fase blasé já descrita no WhoFarted, tenho apostado na segunda chance, este improvável segundo dia em que a ninfetona demonstre as mesmas atitudes e aberturas, como um rito de passagem.

Sobre as últimas semanas, precisa mesmo dizer? É claro que não comi ninguém.

21 junho 2015

Este Caso Não Tem Solução


Estava dormindo amortecido após mais uma maratona dioturna de Blues nas noites olindo-recifenses, planejamentos de metas, análises de mercado, programação em java, acompanhamento de eventos, cervejas e sexo, quando num entreabrir de olhos na madrugada comecei a imaginar que estava com alguma doença fatal, um câncer de nariz, uma lombriga maldosa invasora de cérebro, um sei lá o que sem cura.

Espantosamente, não me desesperei com esta sensação. Pelo contrário, achei que aquilo era apenas um final óbvio e tranquilo, igual ao de todo mundo, e simplesmente aceitei a possibilidade sem espernear.

Assim como dizem que se morre, eu comecei a visualizar toda a minha vida, como se estivesse numa trip, chapado.

Reformulei memórias recorrentes de meus tempos de fedelho fraldoso, ainda em Recife, minhas brincadeiras com as galinhas, minhas observações de galinhas sem cabeça correndo desgovernadas antes do almoço, os pés de jambo, os cachorros, os choques, os presentes, os brinquedos.

Juntei tudo isso rapidamente e comecei a rebobinar a pré-adolescência em São Paulo, os amigos chatos, as professoras estranhas para um menino quase matuto, as cobranças, as meninas bonitas.

Lembrei dos tempos de escola e faculdade, e de como tive de me reinventar isolado das expectativas de todos numa realidade tão absurda para a maioria, que me fazia, muitas vezes, ser chamado de mentiroso - e eu me fechando mais e mais.

Mas não imagine clichês. Isto não era sofrimento, era curiosidade.

Nunca entendi direito o mundo, mas gostava da sensação de observá-lo de fora. Nunca consegui me enquadrar naqueles passos marcados de crescimento, aprendizado.

Talvez o que mais tenha marcado meu crescimento tenha sido este descompasso de saber de mais sobre algumas coisas antes da hora certa e saber de menos de coisas que os outros já esperavam que eu soubesse de mais.

Minha conexão com o mundo sempre foi zoada de mais. Se eu não fosse um cara legal, poderia ser chamado de psicopata, tamanha minha apatia e falta de empatia, exceto com os bichos. Não consigo entender muito da realidade à minha volta.

Quero dizer, que pra mim, nunca foi problema, nunca foi estranho, desejar ser astronauta, rockstar, fotógrafo de modelos, agente secreto. Eu não me prendia a limites, se você me entende.

Se para alguns, falar de comer a capa da Playboy era basicamente engolir papel, pra mim, secretamente, poderia significar que de alguma maneira que não te interessava saber eu havia conseguido conhecer e levar a moçoila para o escurinho, não por outro motivo que não fosse simplesmente minha ingenuidade em não saber que eu não deveria poder.

Eu sei que, de putaria em putaria, meu crescimento intelectual e afetivo foi esquisito. Enquanto meus amigos conseguiam entrar no esquema emprego com casamento seguido de filhos e cachorros, eu ainda acreditava que era possível fazer algo divertido na vida e transar com as amigas bonitas.

E nessa minha trip, nessa minha revisada na vida antes da morte iminente, cheguei à conclusão que a única coisa decente que eu deveria deixar para o mundo deveria ser um filho que desse continuidade a esta busca pela aventura da vida comum, e até o momento não o havia feito.

Claro, uma outra boa observação que fiz ao acordar era que ainda estava vivo, e minhas suspeitas se revelaram apenas gases whofartedianos.

Outra forma de encarar o resumo desta vida maluca em sem futuro, cuja parte mais importante é realmente a que te contei agora, é entender que apesar de todas as tentativas, eu não amadureci, como as outras pessoas.

Note que aos quarenta e tantos anos de idade eu ainda acredito que posso ser um rockstar.

O homem amadurece quando enfim volta sua vida para as necessidades das mulheres.

Falando muito sinceramente como um belo e gordo exemplar de homem, a nós não interessa muito essa coisa de arrumar emprego, montar apartamento, comprar um carro. A gente faz estas coisas pra pegar mulher, pra agradar as meninas. E depois que casa, passa a vida preocupado em pagar contas e contas para simplesmente estar ali, em casa com sua esposa criando filhos, sem ouvir reclamação.

Sendo assim, continuo na ideia da capa da Playboy, que me parece bem mais divertido do que qualquer outra coisa que me faça ser escravo, autônomo, realizando tarefas repetitivas para continuar onde estiver.

Como ouvi há nem tão longo tempo de uma namorada, eu sou um meninão. Não sei lidar com burocracia, coisas de gente grande.

A certa altura da vida, faz bem ter consciência de sua mortalidade. Não estou ficando mais novo. É bom saber que por melhores que sejam as contas, eu não vou viver pra sempre, e pior, não vou, certamente, ser ativo e bem disposto até o fim. É bom escolher prioridades.

E a esta altura, bem... não vai ser agora que eu resolver mudar.

Minha vida daria um blog.

07 janeiro 2015

Gordo Safado e Intolerante


Sempre que escrevo por aqui, sinto em mim um certo grau de melancolia - por isso mesmo, às vezes  tenho evitado escrever sobre minhas aventuras whofartedianas na madrugada.

Minuto de reflexão:

Toda intolerância, todo preconceito, começa a partir da tentativa (ou sucesso) de invasão do espaço alheio, seja físico, moral, social. Aquele que invade deseja ser tolerado, aquele que é invadido pode ter reações adversas e imprevisíveis, que apenas podem ser compreendidas com muita atenção, com o exercício desta tal tolerância. Nestes casos não há o certo e o errado. Mas o "paradoxo" é que, no geral, o que se tenta é extinguir a intolerância com o uso da "intolerância às razões da tal intolerância".

Posto isto, tenho sido intolerante.

Quer você tenha percebido ou não, caro leitor, cara leitora, mas desde que comecei a escrever este blog, envelhecemos quase dez anos, eu e você. Isto se reflete, naturalmente, na minha forma de escrever, nas minhas opiniões, expectativas, e ultimamente, especialmente, na minha vontade de me expressar, ou não.

Minha vida, assim como a sua, se repete em ciclos como os assuntos deste blog.

E de novo, eu não comi ninguém - já dizia meu mais famoso bordão.

Mas, desta vez, é bastante verdade.

Digo, depois do surgimento do Facebook e do pau de selfie, tudo mudou de mais para um cabassafado de mais de quarenta, que apesar de todas as horas de safadeza adquiridas com a vida, sempre foi um romântico bobão, um cara legal nas horas vagas, quando não tem coisa mais quente pra fazer.

No começo, pensei que meu estado de isolamento mulheril recorrente fosse por elas, afinal engordei muitos quilos desde o início de minhas aventuras whofartedianas, mas logo concluí que o problema é apenas eu e minha intolerância.

Não aguento mais papo de merda nas noites, não tolero mais mulher acompanhada que fica olhando, não tolero menina que fica flertando o dia todo no Facebook e Whatsapp com aquela carinha de quem tá aprontando, não tolero mais a nova ordem, este novo e falso feminismo de boteco safado, tenho impaciência com jovens coroas em crise existencial, não tolero hmmm... um montão de clichês.

Bem, em resumo, sou um intolerante, e me sinto invadido por um universo no qual não me encaixo.

Ok, estou invertendo as coisas, eu sei. Os incomodados que se retirem.

Estou mesmo é sem vontade de nada. Desanimado com essa coisa toda. Afins de pedir uma pizza.

Esse mundo moderno deixa tudo muito difícil, são tantos jogos, todos são tão profissionais nas artes da sedução, graças à internet e seus recursos. Ninguém mais quer guardar nada.

Precisa ter cuidado pra não escrever texto longo em chat de rede social, porque dá revertério nos neurônios da menina, precisa esperar uma semana pra ligar, precisa se aproximar para beijar seguindo as 23 regras essenciais do politicamente correto, e todas estas regrinhas que você tanto conhece que eu não preciso repetir. Virou um ritual bobo, sem espontaneidade. 

Mas a cerveja gelada está ali em meu quarto, e é um ótimo veneno para as máscaras do mundo moderno. Muitas vezes, uma noite de boas conversas na cama pode render frutos incríveis para a vida, inclusive sexo.

E uso outro de meus bordões; "vamos prestar mais mais atenção nas sutilezas".

Tá, vou parar de mentir. Comer, comi. Mas foi chato.