Who Farted? - O Blog.

O Who Farted é meu blog infame de conteúdo absolutamente pessoal e intransferível, no qual publico pequenos pensamentos de filosofia nonsense de boteco e pequenas fantasias de realidade fantástica (ficção), reflexões insanas e fartológicas.

Aqui solto meus fantasmas e exponho livres pontos de vista sobre um universo maluco que me cerca.

Who Farted é meu psicanalista, meu diário, minha carta aberta a meus amigos e amigas.

12 outubro 2015

Superexposição


E ela entrou estonteante porta adentro. Quase não a reconhecia, pelo que sempre via. De menina, se metamorfoseava em mulher diante de meus olhos, em minhas suposições, mulher com jeito de menina. Cabelos longos, boca bonita, sorriso cativante, em um vestido que fazia o máximo para não atrapalhar, curto, pequeno, colado, quase nem precisaria estar ai.

Mas era apenas um bar.

Podia ser pra mim, ou simplesmente não. Preferi observar mais, um pouco distante, tomando minha cerveja, analisando o movimento à sua volta.

Tudo o que eu queria neste momento era, como sempre fazia, perder as estribeiras, o bom senso, o controle, este mesmo que venho tentando manter a todo custo a toda hora, ultimamente - preciso ser um cara mais maduro, como aqueles que andam de terno pilotando os carros dos comerciais.

Não nego meus ímpetos a todo momento, mas gostaria que estas explosões não fossem coisa de momento, coisas de um vício pelo afago à autoestima, pelo colecionismo.

Aquela eterna briga entre Dr Jekyll and Mr Hyde.

E me faço esta pergunta fácil: porque é tão difícil se apaixonar hoje em dia?

A superexposição ao desejo faz o mesmo que a superexposição ao medo - o perdemos. Sobram os instintos.

Não serei eu a mais uma vez falar os mesmos clichês sobre como as redes sociais estão nos fazendo mais apáticos e cínicos, mais hedonistas solitários. Mas repetirei meu clichê, e volto a dizer que no amor é preciso aprender a ter menos para ter mais.

E que amor teria graça sem antes passar pelos filtros das paixões?

E lá estava eu observando, e de tanto observar a perdi de vista. Game over, por aquela noite - para ela.

Meus jogos, contudo, seguiram pela madrugada e viram o sol nascer com cerveja e sol, conversas sem graça e um monte de razões para ir embora, e nunca mais ligar.

Que efeito misterioso este que nos faz abrir mão dos objetivos, para abraçar paliativos?

Não adianta, não tenho mais pressa. Gosto daquela emoção de apostar, correr o risco de perder, criar valor, pois toda menina que valha a pena, como sempre vou dizer, precisa estar disposta a voltar, me dar outras chances. Quero ser o ganhador da dança do acasalamento e não apenas o que tem pra hoje.

Mas aquelas que não contam tanto, estas estão sempre aí, e as conduzo com a facilidade que meu tempo de mercado me fez adquirir.

Sim, nos apaixonamos menos hoje, pois temos inúmeras rotas de fuga. Esta é a explicação. Somos todos menos resistentes à rejeição, menos insistentes. E porque insistir, se tenho outra que me chama e não dará tanto trabalho?

Vou lhe dar apenas um motivo: todos precisamos de mais verdades e razões, ainda precisamos conviver de verdade, ter intimidade. Esta solidão em grupo não vai vingar pra ninguém.

Bom, deixa eu correr ali pra abrir a porta, que a geladeira tá cheia.

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