Desta vez a viagem estava prometendo mesmo...
Pegamos a estrada para a cidade de Limoeiro, interiorrrrr de Pernambúcio, pra passar o Natal no sítio de bodes do Steve, meu sócio e amigo...
Ainda na estrada, ao som dos Dexter Midnight Runners, que eu já não ouvia desde a época em que costumava tomar longos banhos lendo os artigos de economia da revista Playboy (se é que você me entende), compramos uma grade de 24 garrafas de cerveja Colônia sem gelo (e assim permaneceriam até a última garrafa).
Se você não conhece a qualidade da cerveja Colônia, que nos custou a bagatela de R$1,00 por garrafa, prefira continuar sem conhecer... Ou não ande com o Steve por aí. ;)
Chegamos na casa do sítio e já fomos informados de que teríamos de nos degladiar com um perú duro... Hei.... Não ria não... Era um perú duro meeeesmo... Criado na capoeira...
A peãozada rindo da nossa cara, enquanto eu sugeria uma receita italiana de perú no vinho, pra amaciar o bicho...
O cachorro da área, na verdade, quase quebrou um dente tentando rasgar um pedaço do bicho assado no dia seguinte.
Se chamar "fiu fiu, Bin Láden, olha o perú" o bicho sai correndo... (Bin Láden é o nome do cachorro)
Ah... Mas tudo isso é história pra bode dormir...
Na véspera de Natal, já embebidos naquela caixa de Cerveja Colônia sem gelo, meia garrafa de whisky Bells (uuuurrrgh) e outras macabrices alcoólicas de festa no interior, fomos informados de que um de nossos vizinhos havia falecido e NÓS, como pussuidores do ÚNICO carro da região e... O Steve, sendo marido da ÚNICA médica no raio das três cidades mais próximas... Seríamos responsáveis por carregar o corpo do morto no carro até o hospital mais próximo e iniciar os processos para o enterro.
Mas calma lá... Nem tanto assim...
Por sorte minha (já que se dependesse do Steve o morto vinha conosco sentadinho, mesmo...) o rapaz que nos acompanharia sugeriu que a própria funerária viesse buscar o corpo no local.
Sim, pois o morto era assinante de um plano funerário que dava direito a todos os serviços necessários para seu enterro no cemitério local.
Isto, contudo, não nos eximiria da divertida tarefa de visitar a funerária, levando toda a documetação do "Seu Mocinho" o morto, que pegou a todos de surpresa com sua inesperada morte aos 91 anos de idade, justamente quando estava doente e de cama (como isso foi acontecer tão cedo?).
Fomos então à festa do povoado local, em Mendes...
Fazer o quê? Você me perguntaria....
Encontrar um senhor de 2300 anos de idade, que estava com as passagens... ooops digo... Com os documentos necessários para solicitarmos o caixão para o Seu Mocinho.
Como a tarefa era relativamente complexa, se considerássemos que toda a comunidade local estava alí... Tivemos de passar pelo menos uma hora bebendo alguma cerveja gelada de qualidade (ufffaaaa!) e ouvindo música brega... Enquanto nosso guia, tentava encontrar o bom velhinho.
Com os tais documentos em mãos, chegamos à funerária por volta das 23:00hs da véspera de Natal e fomos atendidos por um cara macabro, de camisa havaiana que parecia estar medindo nossas alturas e larguras pra saber se podia nos vender um de seus planos funerários...
Enfim, tudo resolvido...
Esperamos o carro funerário ser preparado, caixão escolhido e carregado, e seguimos juntos para mostrar o caminho...
Na esquina seguinte, paramos nós com o carro funerário, em um posto de gasolina para abastecer e tomar mais cerveja, enfim... Confraternizar!!!!!!!! É quase Natal! Jingle Bells, Jingle Bells!
Bom... Ou quase isso... Fomos bebendo no carro até a casa onde aconteceria o velório...
É eu sei... A esta altura você já deve estar me chamando de idiota... "Como pode beber na estrada????? Levando um carro funerário, ainda mais?????"
Bom... Alguém tinha de se divertir um pouco, oras!:)
O ministério da saúde mental adverte: "Se beber não dirija guiando um carro de papa-defunto".
Como era véspera de Natal, conseguimos chegar intactos à casa do velório, graças a várias intervenções divinas.
Caixão arrumado, morto vestido, viúva consolada...
Finalmente, era nossa hora de comer aquele perú que ainda estava se debatendo lá no forno!
Mas ainda não...
Não, sem antes pagar o preço por dirigir bebendo cerveja gelada na noite de Natal enquanto guiávamos o carro da funerária...
Jamais, também, sem antes quase nos tornarmos os próximos clientes VIP do papa-defunto...
Tentando fazer uma arriscadíssima manobra de colocar o carro na posição de ir embora, em uma estrada de terra nas montanhas, depois da meia-noite, sem qualquer iluminação externa fora os faróis do carro, caímos em um imenso buraco...
Sabe aquelas cenas em que o James Bond fica com o carro pendurado num penhasco tentando equilibrar seu peso para não cair? Pois é...
Nossa sorte é que o penhasco era baixo.... Mas também, o inglês que estava no volante não era exatamente o James Bond.
Saímos devagarzinho... Abrindo a porta sem balançar o carro... Eu... E o Paulo (o cara que veio nos guiando -???).
Sim! Deixamos o Steve lá... Pendurado... Segurando o volante.
Depois de muito reflertirmos e estudarmos o terreno, concluímos que era seguro pular no buraco de vez, com o carro...
E foi isso que o Steve fez, em mais uma manobra zero-zero-seteana.
E... De dentro do buraco, foi possível subir o penhasco no carro e retornar à estrada.
Afinal, ainda havia meia garrafa de Bells (uuurgh) nos esperando em casa...
E... Foi muito bom saber, na manhã do dia seguinte, que todos na região ouviram e viram o acidente da cratera e ninguém se mexeu pra ajudar...
Oito horas desta mesma manhã seguinte, chegam mais dois do mato:
"Pessoar... O Zé tá se remoendo e virando os óio lá naquelaa outra casa... Vcs podem levar ele rápido pra um hospitarrrr?"
Well... Esta já é outra longa história...
Eu? Pra mim já era o bastante... Fui dormir de novo, enquanto o Steve começou sua nova aventura... Tsk... Tsk...
Sim, não nos leve a mal. Somos boas pessoas e não saímos por aí bebendo na estrada não! :))
Não espalhem isso por aí, ok?
Nossa... este post ficou longo... hehehe Mas foi merecido.
2007 promete muuuuuito.
Divirtam-se!