"A timidez é uma uma jaula que protege as almas mais ferozes da ira da opinião pública"
Como tímido assumido, eu gosto de observar os momentos em que estas jaulas se abrem para os outros, assim como quem admira um pôr do sol ou uma tempestade avassaladora.
Ainda sendo filosófico, a timidez, assustadoramente, se encontra nas mentes dos maiores atores, as mulheres mais sedutoras, as mais manipuladoras.
Depois de uma semana cheia de intervenções emocionantes de ordem sentimental, sexual e musical, hoje acordo com apenas uma imagem, quase ingênua (se comparada às outras opções), que resume tudo.
Lá estava ela, saindo da jaula, em uma daquelas noitadas esticadas sempre extravagantes que passo pelo meu bar das madrugas, completamente nua e ruiva, dançando apenas para mim.
Pole dance em poste de madeira quadrada, ou me usando como poste. Caras e caretas sensuais. O demônio endemoniado.
"Assim não dá... Assim não dá pra mim, né?" - O jeito que eu fiquei, bem... Isso eu falei pra ela.
Neste ponto, os caros leitores do WF devem saber que geralmente seria o momento de ligar a chave de cafajeste que existe em mim, alterando meu estado psicológico e me transformando no personagem do grande Love Gambler, não importassem quais seriam as melhores chances (isso nunca importa, babe... os resultados são sempre muito parecidos).
Mas, pra acabar com sua expectativa, cara leitora, caro leitor, pelo menos em mais esta história, eu não comi ninguém.
Na minha mente, veio aquele sorriso sarcástico para mim mesmo, como quem sabe que vai perder a melhor parte da festa, e a frase "melhor não... melhor não...".
Observar atentamente era o bastante, pelo menos naquele momento.
A dançarina ruiva não estava realmente nua. Mas estava nua de alma.
Estou tão cansado de conviver com tantas pessoas semi-intensivas.
Por isso, é sempre especial notar, perceber, descobrir que alguém que você vê quase sempre, de um jeito quase automático, de repente, se mostra tão mais humano, cheio de mais histórias pra contar, com tantas facetas interessantes a se explorar com calma.
Sim, é sempre um prazer.
Aquela dança, naquele momento, foi apenas um impulso para que se abrisse um olhar completo com todas estas informações binárias a serem codificadas e analisadas com calma - saboreadas.
Enfim, tudo acaba ou começa em cerveja.
Como minha Harley-Davidson ainda não chegou dos States (porque ainda não paguei, nem encomendei, para ser bem sincero) lá fui eu, embora da forma mais possível possível.
E como sempre acontece, quase chegando em casa, meu celular toca:
"oi... tu tá aonde?" - hmmm...
Assumo. minha vida anda mesmo tão errada, que as coisas certas estão me parecendo erradas.
Que tal se todo mundo largasse seus namorados e namoradas de uma só vez, e começássemos tudo de novo? Tudo zerado, só pra ver o que realmente aconteceria.
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